Loopy's World (Parte 13C) - Kiss na Europa

LOOPY'S WORLD (PARTE 13C) - KISS NA EUROPA
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira
Publicado originalmente no IronMaiden666
Steve Loopy Newhouse - Metaltalk.net | Loopy's World
Tradução: Ricardo Lira
LEIA TAMBÉM: PARTE 1 / PARTE 2 / PARTE 3 / PARTE 4/PARTE 5 / PARTE 5A / PARTE 6 / PARTE 7 / PARTE 8 / PARTE 9 / PARTE 10 / PARTE 11 / PARTE 12/ PARTE13 A/ PARTE 13B

Então, sabendo que seria uma porca de uma jornada e não querendo ser pego como da última vez, Pete, Michael e eu partimos às 5 da tarde para a trilha norte, passando por Dolomites, na Áustria.

Tínhamos ouvido rumores de que uma tempestade estava se aproximando e tentamos nos manter antenados, mas, lembrando bem, acredito que dirigimos diretamente em direção à tempestade. Com raios e trovoadas estrondando à nossa volta e a visibilidade baixa, cerca de dois pés à frente do veículo apenas, não tivemos escolha senão desacelerar até chegar aos passos de uma lesma.

O pensamento de chegar tarde em Munique após tirar uma semana de folga, não era bom, então perseveramos. Tão devagar quanto fomos, finalmente passamos pela tempestade e conseguimos seguir por Dolomites na Áustria e então por Munique, na Alemanha, onde nos encontramos com o restante da bandano dia antes do show.

Após a semana preguiçosa em Jesolo, estava na hora de voltar ao trabalho.

Descobrimos que a maioria dos controladores das fronteiras, nesta parte da turnê, parecia bem mais tranquila. Nós cruzamos da Itália para a Áustria e desta para a Alemanha sem o menor problema.

E sendo o navegador, ainda que tivesse meu grande Mapa das Estradas Europeias, eu consegui viajar pela Europa sem esforço. Tudo era bem fácil de entender, as estradas eram boas, e tudo que tínhamos que fazer era estar lá a tempo.

Para ser honesto, era brincadeira de criança.



Mesmo que a maioria dos shows na Alemanha fossem indoors, fizemos um show ao ar livre em Kassel, creio eu, onde choveu durante um tempo. Mas além disso, toda a turnê alemã foi muito divertida.

Os fãs eram incríveis onde quer que tocássemos, mas comecei a notar camisas do Iron Maiden por todo lado que não faziam parte da mercadoria oficial da banda. Nessa turnê a camisa oficial era a da capa do primeiro álbum.



Tendo um pouco de tempo pra passar, comecei a dar uma volta pelo local da arena e fiquei embasbacado pelo número de estandes vendendo camisetas não oficiais.

A melhor parte é que elas pareciam melhores que as oficiais, então fui lá e comprei algumas. Você nunca parece comprar camisetas o suficiente.

Era estranho ver os membros do Kiss sem suas maquiagens, mas isso se tornou uma coisa diária.

Acabamos nos aproximando muito bem deles e da equipe nos próximos poucos meses, se encontrando nos mesmos hotéis, mesmos bares, etc. Depois também descobrimos muito sobre os lugares que visitávamos.

Em Gênova, Itália, fiquei sem cigarros então tive que procurar por um vendedor sem licença. Eu acabei parando nas docas e sendo abordado por uma puta que estava me oferecendo um cigarro se eu desse a ela £20 e então ela também me daria uma chupada. Acabei voltando sem.

Depois descobri que havia uma máquina de cigarros no salão de entrada do hotel; é que eu não tinha percebido antes.

No Forest National, em Brussels, o único modo de acessar a área dos bastidores era voltar por um longo corredor, que era bem amplo, mas com não muito espaço superior. Entre nós três (Pete, Michael e eu), conseguimos colocar nosso caminhão o mais atrás que podíamos. Aconteceu de ser o mais longe que qualquer caminhão daquele tamanho já conseguiu chegar naquela parte detrás.

Para celebrar isso, escrevemos nossos nomes na parede acima da área dos bastidores, incluindo data e hora. Continuava escrito lá quando eu voltei dois anos mais tarde com a banda More.

Fizemos duas noites no Hippodrome, em Paris. O lugar era uma grande tenda, grande o bastante para caber entre 15.000 a 20.000 pessoas.





Agora o componente principal da maior parte desssas grandes tendas é plástico, e se você imaginar 20.000 pessoas fumando e suando nessa colossal tenda plástica, então algo estaria prestes a se tornar desagradável mais cedo ou mais tarde.

E para não desapontar, aconteceu na primeira noite. Maiden tinha terminado seu set e nós escondemos o equipamento da banda nos bastidores para ficar pronta para a noite seguinte.

Kiss subiu no palco com o número de abertura 'Detroit Rock City', o que incorporou duas altas... e eu posso adicionar, extremamente altas batidas. A onda de choque simplesmente subiu e ondulou o telhado. Dentro de segundos, todo o lugar estava sendo coberto por uma chuva de suor e nicotina.

Tudo ficou coberto de largas manchas marrons, o palco, o equipamento, a banda, os fãs, nossas coisas nos bastidores e qualquer um dentro do alcance.

Por sorte os músicos do Maiden, Rod e toda equipe, estavam reunidos na porta-cabine improvisada que serviu como nosso camarim. Quando saímos para o lado de fora e vimos a sujeira, percebemos que o dia seguinte teria que iniciar mais cedo. Levou eras até que tudo voltasse da maneira como deveria.

Sem precisar dizer, depois do segundo show, levamos nosso equipamento logo pra fora do evento até um caminhão em espera, e arrumamos tudo lá dentro. Gato escaldado de água fria tem medo, como diz o ditado.

Você tinha que sentir era pela equipe do Kiss, pelo menos; eles tiveram que trabalhar a noite toda para limpar a sujeira para o segundo show e então tiveram que limpar tudo mais uma vez na noite seguinte.

Não que estivéssemos muito preocupados, realmente. Estávamos indo em direção ao sul para tentar chegar a Lyon.

Em Lyon, Kiss era a atração principal em um show que foi dado, acho que na Prefeitura ou pelo menos em um prédio bem público, próximo ao rio. O sol estava intenso, passando pelas janelas, então antes do Kiss entrar em cena alguém teve o trabalho de fechar todas as cortinas de um lado daquele edifício.


Quando o Kiss está em turnê pela Europa, e certamente nesse caso, eles carregam dois sets de S's. Eles usam o SS da Gestapo tipo S's na Europa ao invés de na Alemanha, onde usam então os S's padrões. Ambos os sets trabalham da mesma forma, com luzes giratórias disparando flashes ao mesmo tempo e, ao menos que você já tenha visto, não repararia a diferença. (veja aqui)

Enquanto estávamos na Suíça, Clive e eu tivemos a oportunidade de visitar a fábrica da Paiste. Clive tinha um acordo com os pratos da Paiste, e ganhou a chance de testar um novo prato chamado RUDE.

O prato RUDE foi desenvolvido para bateristas como Clive, o verdadeiro e poderoso baterista. Eles eram mais afinados que o normal, mas ainda tinham o mesmo soar e o mesmo tom.

Quando recebemos a primeira leva de Rude, decidimos que não tínhamos tempo algum no momento para testá-los. Então eu substituí todos os pratos crash de Clive pelos da RUDE. Clive se sentou no kit e começou a tocar.

Se me lembro direito, dentro de cinco minutos nós ouvimos um som de impacto e duas polegadas daquele metal atingindo o chão. Clive na verdade havia destroçado o lado de um prato, visto o pedaço no chão, e havia dividido um outro.

"Eles podem voltar", ele disse. E eles voltaram.



Nós fomos pegos na estação de Zurique por um dos caras mais top da época e nos foi dado o direito de chamá-lo de Bobby. Estávamos há cerca de 40 minutos da fábrica e minha reação imediata foi ver que o lugar não era só muito pequeno, como também muito limpo. Mesmo um palavrão teria sujado o lugar.

Sendo um domingo, tudo na Suíça está fechado. Lembrando a vocês, estamos falando de 1980 aqui. As coisas podem ter mudado por agora. Não estive lá por muitos anos. Vamos prosseguir...

Uma vez dentro dessa fábrica apertada, fizemos um grande passeio e nos foi mostrado como os pratos eram feitos (em teoria, já que o pessoal de lá estaria contente com seu dia de folga).

Preciso admitir, foi uma coisa interessante. Foi exposto como eles faziam gongos também e, como umpresente de despedida, Clive e eu fomos presenteados com gongos miniaturas, quase do tamanho de um pé, para levarmos pra casa. Também levamos um gongo para dar para o roadie de bateria do Kiss, já que ele não conseguiu participar da viagem.

Meu gongo está no apartamento da minha mãe e provou ser bem útil. Ele foi usado por Mark Stewart, o baterista da Di'Anno, quando entramos em turnê com o Thin Lizzy, em 1983.

Agora, nem todo mundo sabe disso.

Clive e eu fomos de carona até a estação para fazer a jornada de quatro horas de volta a Stuttgart para nos encontrarmos com o resto da banda. Quando finalmente chegamos no hotel, havia toda sorte de problemas acontecendo.

Pelo que entendi, Dave Murray tinha ficado chapado de bebida e tentou atirar um guarda-roupas escada abaixo do hotel. Tão rock n' roll.

Quando Clive e eu chegamos lá, fomos avisados para ficarmos afastados. Havia polícia armada por todo lugar e eles estavam tentando levar Dave sob custódia.

Eu não sei o que aconteceu depois, mas tudo se acalmou bem rapidamente e Dave foi deixado sozinho para dormir fora do hotel.

Pensando novamente naquela pequena curtida em Jesolo, era tempo para a banda tomar o tempo dela também. Harry chamou a banda para um encontro para acertar algumas coisas. Sem gerenciamento, sem equipe, somente a banda.

Obviamente funcionou já que o resto da turnê foi melhor que possivelmente poderíamos esperar.
Memórias que ficaram? Há algumas, e eu devo deixar em aberto por razões óbvias.

Como operar uma palheta com precisão impressionante. Tendo visto a banda Kiss e sua equipe fazer isto e aprender como fazer isto tão bem quanto, foi muito divertido. 10/10.



Assistir Ace cair de bunda após umas poucas latas de Special Brew. Ele não sabia que a coisa existia até a parte inglesa da turnê. Ele tinha um carregamento da coisa enviado para a Europa e passou o resto da turnê tentando ficar de pé.

Minha memória favorita é a festa da última noite da 'pós-turnê'. Levei Paul Stanley a assinar uma nota de dólar, que ainda tenho guardado em algum lugar. Ele pôs a estrela sobre o olho de Lincoln? (O que eu sei?). Lembro que a comida era boa e a cerveja cara.



Pete e Michael tomaram a longa jornada de volta pelo mar e eu arrumei um lugar no voo de volta pra casa, com a banda, por escolha pessoal, devo adicionar. No entanto, se eu pudesse voltar atrás, desejaria ter voltado de barco.

Eu estava tão apressado pra voltar pra minha casa, para minha namorada, mas ninguém se importou em me dizer que ela foi vista se encontrando com outra pessoa enquanto estive fora.

Essas coisas acontecem, claro, mas voltando atrás, não deveria ter acontecido comigo. Mas é o que todos eles dizem, não é?

Continua...

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