LOOPY'S WORLD (PARTE 6)
Publicado originalmente no Iron Maiden 666
GRAVANDO DEMOS A MENOS 20 GRAUS (REVISITADO)
Steve Loopy Newhouse - Metaltalk.net | Loopy's World
Tradução: Ricardo Lira
LEIA TAMBÉM: PARTE 1 / PARTE 2 / PARTE 3 / PARTE 4 /PARTE 5 / PARTE 5A
Com a Demo na sacola nós voltamos para os ensaios no Hollywood Studios, enquanto aguardávamos a edição final do estúdio Spaceward ser enviada para Steve. Enquanto isso a Green Goddess tinha passado por uma reforma e estava agora pronta para pegar a estrada novamente, então nos preparamos para agendar vários shows e voltar para o que sabíamos fazer melhor, tocar para pubs cheios, por todo lugar.
Não demorou muito depois de voltar a dar shows que o primeiro lote de nossa demo chegou e, ansioso para fazer uma impressão, Steve enviou a demo para qualquer um que ele julgasse ser importante o bastante para escutá-la.
Nesta época nós ouvimos falar de um bar/club/pub heavy metal fazendo muito barulho em Kingsbury, à noroeste de Londres, e Steve queria ir até lá tentar a sorte.
A Heavy Metal Soundhouse, como lembro ser chamada, era um pub grande em um desvio no meio de Kingsbury, NW9 (eu acho). Tão preocupados pela enorme atribuição daquele cassete, que Steve e eu fizemos uma viagem pela estrada da North Circular na Nissan de sua avó e, tendo encontrado o lugar onde alguém convenientemente nos deixou, nos aventuramos pra dentro.
A primeira impressão que tivemos foi o volume. Não o tamanho do lugar, eu quero dizer o VOLUME. O barulho era ensurdecedor. Bem, para um leigo era ensurdecedor, mas para aqueles entre nós que estavam acostumados, o negócio estava batendo nos 9 (medidor de volume). O Iron Maiden estavatocando a 8 na época, mas nós perseveramos.
Harry e eu ficamos e assistimos os headbangers batendo cabeça por um tempo, quando Steve então decidiu que era hora de se aproximar do cabeludo no consulado e ter uma palavrinha rápida com ele.
Neal Kay parecia que já tinha presenciado a cena toda antes, e até este ponto tenho certeza que presenciou. Com seus longos cabelos loiros e botas de salto alto, ele nos via se aproximando, com um olhar como se dissesse 'lá vamos nós de novo...'. Com Steve segurando a demo na frente dele, Neal nos encontrou nas escadas de seu púlpito.
"Sim, cavalheiros?", ele disse. Steve passou pra ele a demo tape, e simplesmente disse, "Você pode dar uma ouvida nela?" Neal aceitou a fita e começou a falar sobre a quantidade de demos que ele recebia toda hora e não tinha tempo de tocá-las, mas às vezes concordava em dar uma ouvida. Steve e eu voltamos para a confiável Nissan e fomos pra casa.
Poucos dias mais tarde meu telefone tocou e algum lunático estava eufórico e delirando sobre o quão boa a demo era.
Era Neal Kay.
Ele estava dizendo como nos queria ver tocando na Soundhouse tão cedo ele conseguisse arrumar o local. Eu então telefonei pra Steve e contei sobre a conversação que tive com Neal. Steve desligou e ligou para Neal, para acertar nosso primeiro concerto na Heavy Metal Soundhouse. O show foi rapidamente arranjado para poucas semanas à frente.
Nesse meio tempo, 'Sounds', a popular revista semanal de música, se voltou para a cena heavy metal e começou a formar a lista dos Dez Mais do heavy metal, baseada nas coisas que Neal estava tocando no pub.
A Demo do Maiden se tornou tão popular na Bandwagon/Soundhouse que uma de nossas faixas, 'Prowler', virou de repente número um no quadro de músicas, e os pagantes estavam enlouquecendo com a banda.
Este foi ultimamente o melhor passo que a banda já tinha dado. Ok, era Steve quem tomava as decisões, e ninguém pode culpar sua mente direcionada, mas para mim, isto foi a única coisa que os ajudou a se tornarem tão grandes quanto viriam a ser.
A união de Steve Harris e Neal Kay era exatamente o que o Iron Maiden precisava.
Mas novamente, isso agora é história, e eu estou contando ela da minha maneira.
Todo show que demos na Soundhouse/Bandwagon estava esgotado. Não tenho certeza de quantos shows demos por lá, mas sempre saímos sentindo como se tivéssemos provado quem somos. Claro, ainda fazíamos shows por todo o país e nossa base de fãs ficava cada vez maior e melhor em cada lugar que íamos.
Então fomos marcados para ser headliners de um show no Marquee Club, na Wardour Street, no centro de Londres, o que para Paul e eu era quase como ir pra casa.
Dois de nós passamos anos frequentando o Marquee, vendo grandes bandas como Nutz, (uma favorita minha, tanto que eu os seguia por todo o lugar); AC/DC, quem eu lembro de tocar toda segunda-feira em agosto de 75??? Qualquer tenha sido o ano, o encore costumava terminar com Angus recebendo seu kit; Thin Lizzy e Gary Moore. Nós ainda pegamos Status Quo fazendo um show de aquecimento antes do concerto no Reading Festival, na noite seguinte. Chegou a um ponto em que, Paul e eu íamos tanto até o Marquee, que um dos gerentes, um cara chamado Nigel, passou a nos deixar entrar por nada.
Também lembro de ver uma banda estreando um par de velhos amigos de colégio, cujos nomes eram Jeff Hepting, da William McGuffie em Walthamstow, e Phil Collen da Leyton County High School for Boys (também lar de Steve Harris e Paul Dianno). O par estava se unindo para tocar guitarras para uma banda chamada Dumb Blondes.
Para ser honesto, não me lembro de como eles soavam. Estava apenas fascinado de assistir alguns velhos parceiros de colégio tocando no palco e pensando, se eles podem chegar lá, por que não podemos?
O primeiro show do Iron Maiden no Marquee foi um enorme sucesso, mas também foi um dia longo. Chegamos com nosso equipamento cerca das 10 da manhã. O cara que tomava conta do lugar não apareceu até a tarde e com restrições de estacionamento por toda a Wardour Street como era na época, não podíamos simplesmente parar a van e descarregar nossos instrumentos. Então Pete e Vic se revezaram para levar a Goddess pra dar uma volta no bloco umas poucas centenas de vezes.
Finalmente deu a hora de colocarmos nosso equipamento pra dentro. Finalmente mesmo. Então o cara que esperávamos diz, "você poderia ter estacionado lá atrás". GGRRRRR!!! O que foi mais irritante é que, uma vez o veículo esvaziado, o mesmo cara disse, "você não pode deixar sua van lá."
A área nos fundos do Marquee era usada para estacionamento residencial apenas e para ir e voltar da área de estacionamento com uma van do nosso tamanho, significava apenas uma coisa. Tendo dirigido para frente, alguém tinha que fazer a volta para sair e encontrar algum outro lugar para parar. Para mim isso era tranquilo já que eu não dirijo. P.A.M. (Problema de Alguém Mais.)
Quando Vic finalmente apareceu no Marquee Club, tendo estacionado a 2 milhas de distância e cuspindo penas, Pete e eu acertamos o equipamento da banda e ficamos de prontidão. Isso nos mostrou o próximo problema. O Marquee não era grande o suficiente para armazenarmos todos os nossos cases, então Vic teve que andar de volta até a van, e trazê-la de volta para o Marquee para nos livrarmos dos cases vazios, depois então levar a van para outro ponto de estacionamento ainda mais longe que o primeiro.
Continuem antenados, folks, e vez ou outra vocês verão um padrão emergindo.
Da vez em que Vic finalmente retornou, ele esqueceu a lista de checagem, e tudo o que se conseguia ouvir era "porra" isso e "porra" aquilo. Para mim e Dave Lights isso era hilário, e para Pete Bryant também, mas de vez em quando Pete ficava com pena de Vic e o levava até o McDonalds. Você ainda podia ouvir a choradeira a meia milha de distância. Quando eles voltaram para o Marquee, Vic já tinha se acalmado um pouco e eu ganhei um Big Mac frio, fritas e uma cerveja choca, "e fique agradecido, porra". Eu caí pra trás de tanto rir. Vocês podem não entender a ironia, mas o que nós tínhamos era especial.
O concerto em si foi rápido e furioso, como a maioria dos shows do Maiden eram naqueles dias. O lugar estava cheio de velhos amigos do Ruskin, mas agora tínhamos a nova galera vinda do Bandwagon de Neal. Lotar o lugar foi fácil.
Então, uma vez o show terminado, eu, Pete e Dave Lights continuamos com o que fazíamos de melhor, desmontando todo o equipamento da banda. Vic disse, "Eu vou lá então e pego a van?" No que eu e Lights dissemos, "Sim, tha-au." Mas Pete me pediu para olhar as guitarras e foi com Vic.
A banda havia terminado de se trocar (não havia chuveiros nos camarins do Marquee naqueles dias, de fato nunca) e foram pra casa, deixando eu e Dave Lights tomando conta dos equipamentos da banda. Havia muito tempo para pensar o que estava havendo e foi quando a coisa mais me atingiu. Passando todo esse tempo trabalhando e saindo em turnê juntos, esta foi a primeira vez que banda e equipe se separaram, e eu não tinha ideia quais preparativos foram feitos acerca de como eu voltaria pra casa (não é egoísmo, mas sobrevivência...lol), ou então onde o equipamento ia ser armazenado?
Claro, tudo tinha sido visto por Vic e Steve, eles só tinham se esquecido de avisar todo mundo. Pete soube quando Vic disse a ele na Maccy D's, mas eu e Lights fomos esquecidos até abarrotarmos a van e seguirmos para o East End.
Continua...