LEGACY OF THE BEAST - COMO FOI O SHOW EM LISBOA


LEGACY OF THE BEAST 
Lisboa - 13 de julho de 2018
Por Verônica Mourão




A ansiedade começou o ano passado, exatamente no dia 24 de novembro quando comprei o ingresso para a tour Legacy of the Beast que iria ocorrer em Lisboa, no dia 13 de julho do ano seguinte. Quando fiz a compra e devo ter sido um das primeiras a fazê-la, não tinha ainda a noção do que seria a tour, o tema, o set list...enfim, a gente nem sabe se vai estar vivo ate lá...Mas desde então todos aqueles vitrais que iam aparecendo, gerou um grande interesse em todo mundo e cada fã que falei, acharam um pedaço daquilo curioso, uma música que poderia tocar, uma indireta sobre temas, alguma coisa sobre o jogo e o mais sensacional disso tudo, é descobrir que ninguém ainda parou de falar nisso!

O tempo passou e como já planejado anteriormente, vim para Portugal e em todo momento por aqui, pensava neste show ou concerto (como eles aqui dizem). Não é o primeiro, nem será o último que pretendo assistir, mas a sensação causada é sempre como se fosse a primeira vez. Como tive acesso à imprensa devido aos veículos de comunicação que escrevo, pude ter um "gostinho" a mais do show. E claro, o ingresso tinha que ser passado praa frente, pois não ia mais usar. Eu tinha acesso ao Backstage!

Cheguei na entrada dos artistas e na mesma hora  que o sr. Rod e sr. Bruce (linguajar que usaram). Cada um, num enorme carro preto individualmente.  Eu tenho que confessar que na hora que a mulher da produção disse que o carro do sr. Bruce tava chegando, eu senti verdadeiramente o meu corpo tremer.


No entanto, na mesma hora eu recebi a ordem de me apresentar junto aos outros da imprensa, e não pude estar na chegada dos artistas. Contudo, estando ali de uma certa forma privilegiada, fiz que nem o Tom Cruise em Missão Impossível (hahaha) e aproveitei meus acessos para finalmente encontrar Rod Smallwood (empresário da banda) você sabia que conheci seu escritorio em Londres? - Leia mais sobre isso AQUI) ,. Rod estava comendo um baita sanduichão de presunto (ou fiambre) e me recebeu sorridente e super simpático. 

Não deu tempo de muita conversa, mas ele foi gentil com a foto e pediu desculpas por não poder falar mais, porque tinha fome e iria resolver umas coisas  – e eu agradeci do fundo do coração, pois ele realmente foi cordial comigo com um " You are Welcome Veronica", pois claro: Eu me apresentei.



Quando os shows do The Raven Age e do Tremonti começaram, sempre anunciando o show do Maiden, eu percebi como aqueles grupos de jovens encabeçavam uma nova vertente do rock e do metal, e sim, eles agitaram as plateias e conseguiram até mesmo fãs à cantarem suas músicas e seguir seus coros. Não estamos mais falando de qualquer banda, mas de jovens rapazes, de uma nova geração criando um elo entre o antigo e novo.

The Raven Age, além de ter um de seus integrantes, o filho de Steve Harris, George Harris, também participou da tour The Book of Souls em 2016.



Fiquei ali atras do palco e pensando...



Como é que pode surgir do cenário desse palco PEQUENO, aquelas coisas que vimos nos shows do Maiden pela internet? De onde sairia o avião (que soube que tem seguros e tudo mais para transportá-o, e é um replica impecável de um Spitfire utilizado na Segunda Guerra Mundial)?

Havia uma parte do cenário forrado, e as outras bandas só usaram o pano de fundo.
A diferença era que no show dos meninos, vimos um show de rock e no do Iron Maiden um espetáculo músico-teatral magnífico, esplendoroso.  De fato, incomparável.


Vou contar para vocês.



Estava eu na parte de imprensa, à esquerda  do palco, enquanto os artistas estavam na direita. Aff,...No entanto, me fecharam dentro do backstage lateral, e disseram : “você não é fotografa, só imprensa escrita, logo não pode ir pra frente do show na parte dos fotógrafos”. Bom, mesmo que desse a louca para ir do outro lado do palco,encontrei posteriormente as portas fechadas. Foi então que fui para junto dos meus amigos no platéia, para que pudéssemos chorar juntos.


E foi assim. Doctor Doctor começou, e eu olhei para o lado. Não era só eu que estava com lágrimas nos olhos. Aquilo era a celebração de uma missa, a missa da igreja e religião MAIDEN.

Então, para não ficar repetitivo para quem já fartou-se de ver os vídeos da Legacy of the Beast na tour, vou passar minhas impressões em tópicos de todo concerto:

Um homem fardado chega e começa a abrir cenicamente os panos que cobriam o cenário...o gramado cenográfico aparece.Surge o telão...


- Aces High (tema guerra) - Na hora que o vídeo do discurso de Winston Churchill começa, não tem como não conter as lágrimas, pois a gente já sabe que depois daquilo vem uma porrada do álbum Powerslave, 1984. O avião saiu de trás do palco e foi erguido majestoso por cima das cabeças dos caras. Confesso que em tudo que lhes vou dizer, o tamanho de tudo é menor do que se vê em vídeo. O público português e espanhol do Altice Arena foi aos berros. Em nome do PAI!



-Where Eagles Daretema guerra) – Neste momento, parece que a bateria de Nicko entra dentro das nossas almas.  Não sei se sabem, enquanto Aces High fala do poderio aéreo militar da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial.,  Where Eagles Dare fala de um filme de 1968 que retrata um fato da guerra, exclusivamente sobre  a fortaleza da equipe britânica, que tinha como objetivo alcançar altitudes muito altas. Assim, o título "Onde as águias se desafiam" significa um lugar onde somente águias ousam se aventurar a alcançar, porque só pode ser alcançado por um pássaro voando alto ... Daí o figurino e cenário no “gelo” das altas montanhas.



- 2 Minutes to midnight – (tema guerra)  -É referente ao relógio do “Juízo Final” ou de um guerra nuclear. Um relógio simbólico mantido desde 1947 pelo comitê de diretores da universidade de Chicago, que usava a analogia onde a raça humana estava à 2 minutos para a meia noite...ou o fim da espécie humana. Neste momento, foi tão belo, quanto os outros no show.


Bruce portanto entra com seu típico discurso a falar que ali haviam mais de 18 mil pessoas para assistir à banda, explicou sobre a primeira parte da apresentação, e que mesmo depois de muito tempo, as pessoas ainda são as mesmas. Então ele levanta a questão sobre LIBERDADE
Em nome do FILHO!




The Clansman- (ORGULHO BRITÂNICO)Aconteceu como se esperava, a linda música da Era BLAZE, cantada com um coro excepcional da platéia começava a aquecer o público de vez! Clansman para mim foi uma das melhores performances ao vivo, em ponto de realmente emocionar e nos fazer cantar em alto e bom som: FREEDOM. Inesquecível.




TheTrooper (ORGULHO BRITÂNICO)veio como já esperado, com aquelas alterações esperadas. O Eddie: Um dos melhores sempre, a brincadeira toda à volta dele e ele vestido à tropa inglesa. A bandeira que empenhou já no final, claro é do país onde o show está a ser feito. Nessa caso, Portugal. Mas Bruce ao falar para a platéia foca na cidade do concerto, e o recado era dado para “LISBON”. Duelo memorável de Bruce e o fascínio de contemplar o EDDIE, o espirito do grupo - Em nome do Espirito Santo




Revelations – (Religião) – O primeiro acorde desta música me debulhou em muito mais lágrimas. Como não se emocionar com essa canção ao vivo? Não importa quantas vezes seja, é sempre emocionante.  A primeira estrofe dessa música, é uma das canções religiosas mais comentadas no ambiente inglês. Virou uma canção tradicional que discutia a liberdade em relação ao Anglicanismo e até mesmo considerada um hino Socialista, e foi feita por um jovem chamado Gilbert L Chesterton. Faz parte de uma tradição inglesa.



O God of earth and altar, bow down and hear our cry,
Our earthly rulers falter, our people drift and die;
The walls of gold entomb us, the swords of scorn divide;
Take not Thy thunder from us, but take away our pride.

From all that terror teaches, from lies of tongue and pen,
From all the easy speeches that comfort cruel men;
From sale and profanation of honor and the sword;
From sleep and from damnation, deliver us, good Lord!

Tie in a living tether, the prince and priest and thrall;
Bind all our lives together, smite us and save us all;
In ire and exultation aflame with faith and free,
Lift up a living nation, a single sword to Thee.





For the Greater Good of God em nada fica atrás da temática tão discutida entre a liberdade, a religião e os motivos pelos quais, algumas pessoas misturaram o orgulho de guerra e a fé na salvação. Sendo estes contraditórios e altamente ainda discutidos na humanidade. Bruce adora essa temática, e na tour Book of Souls em meio aos ataques de bombas na Europa, abordou esse assunto de forma veemente.



The Wicker man Levanta todo mundo. Baseado num filme de terror inglês dos anos 70 fala do paganismo. 

"Um policial recebe uma carta anônima sobre o desaparecimento de uma jovem e vai até a remota ilha de Summerisle para investigar o caso. Lá chegando, ele se depara com costumes completamente diferentes de suas crenças cristãs, pois os habitantes da ilha escocesa seguem tradições pagãs."




Sign of the cross o momento mais lindo do show. O que eu posso dizer para vocês que quando forem apresentar no BRASIL, será o momento mais importante, sem sombra de dúvida. A emoção de ver essa música se mistura com os efeitos especiais das luzes, e outros efeitos. Falando literalmente sobre as CRUZADAS, temos aqui um brilhante exemplo do que temos para oferecer de grande concerto da maturidade, embora essa seja uma antiga música da era do X Factor de 1995. Esses caras parecem eternos e o instrumental está tão rico e denso, que por favor...Nunca deixem de tocá-la!





PIROTECNIA

As próximas canções do show foram totalmente um espetáculo de luzes, muitas tochas enormes de fogo, fogos de artifício, e um calor tão grande que estávamos derretendo na plateia. Se alguém tivesse água, que se refrescasse...Estavamos sendo esturricados e ao mesmo tempo extasiados de alegria.

Flight of  Icarus, chegou insana e BRUCE usou toda a sua capacidade vocal. Ficamos amplamente discutindo depois, como ele consegue depois de um câncer, ainda cantar naquela altura, mesmo que a voz esteja mais “encorpada”, especialmente no final desta música, que ele antigamente abusava dos agudos. Tiros de FOGO foram a cereja do bolo, mas ver isso de perto é lindo demais. Ele cruzava o fogo, atirava consonante os acordes, parecia mesmo um brinquedo na mão dele. <3 Sem mais...

CANÇÕES TRADICIONAIS

Fear of the Dark veio com o Bruce mascarado, e eu acho aquilo esquisito e foi um parte do show que muita gente que não conhece a carreira da banda e quem conhece,delirou apesar de tudo. Pois é uma das músicas mais populares, inclusive em Portugal. Acho que o Bruce já esta farto disso, então incluiu a máscara veneziana para relatar o “medo do escuro” coroando uma das tours mais TEATRAIS de todos os tempos.

CANÇÕES TRADICIONAIS + PIROTECNIAS

The Number of The Beast  e Iron Maiden  se complementaram com o mesmo jogo de cores vermelho e um fogaréu que valha me DEUS, se o bombeiro num tava la fora?! Fiquei sabendo que existem várias clausulas, desde seguro do Spitfire ate o uso do fogo em cena. O cabeção do EDDIE demoníaco, permeia o lado contrário do SAGRADO momento voltado à religião, não deixando de sê-la.A verdade é que aquilo era o próprio inferno, e como era bom estar lá...hehe



Depois de uma PAUSA de alguns minutos



O concerto é fechado com

  • The Evil That Men Do -  Que bom ouvir Bruce, pertinho da gente


  • Hallowed be thy name - A canção de maior respeito. Vitima de tanto drama sobre plágios, é uma das preferidas.

  • Run to The Hills – É o grand finale. - Detalhe para o cenário do JOGO
O Show termina com BRUCE, como que "explodindo" o palco, apagando as luzes do local.


Saímos dali ao som de Always look on the bright side of life, dos Monty Phyton.


Era mesmo como sermos abduzidos, depois da cerimônia.
Aquele conjunto completo de espetáculo teatral x religião.

É mais que um show de METAL, é  RELIGIÃO IRON MAIDEN

E o Brasil??????



Agradecimentos:

 Tiago - IRON MAIDEN BRASIL , Gleison - ROADIE METAL, 
SOUNDSPREAD, PRIME ARTISTS.
Os fotógrafos...
ANA COSTA, MARIO COSTA, PEDRO SOARES

AMÉM

Sobre Verônica Mourão

Verônica Mourão

4 comments:

  1. Revelations, uma canção socialista? kkkk

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    1. Revelations não é uma canção socialista, "unknown". A primeira estrofe, não é composição do BRUCE é um pedaço de uma cançao que tinha propositos no socialismo. o autor é G. K. Chesterton; "O God of Earth and Altar,

      Bow down and hear our cry,

      Our earthly rulers falter,

      Our people drift and die,

      The walls of gold entomb us,

      The swords of scorn divide,

      Take not thy thunder from us,

      But take away our pride."

      Deus da Terra e do altar

      Curve-se e escute nosso lamento

      Nossos governantes terrenos vacilam

      Nosso povo definha e morre

      As paredes de ouro nos sepultam

      As espadas do escárnio dividem

      Não nos tome vosso trovão

      mas leve nosso orgulho

      O GOD OF EARTH AND ALTAR foi considerado um hino socialista.

      aqui seguem links para você se informar, MAS SE LESSE DIREITINHO O QUE EU ESCREVI, não precisava tanta pesquisa. No entanto, é sempre bom saber mais. GRATA

      https://www.telegraph.co.uk/culture/11859506/A-hymn-written-for-the-bright-dawn-of-socialism.html

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  2. Foi um prazer tb estar lá.
    Show Sensacional.
    Altice Arena, local fechado(ginásio), excelente acústica e dá pra sentir o calor das chamas do palco sentado na arquibancada!!!!
    Sem dúvida é a melhor produção de um show do Maiden feito até hoje.
    Dia seguinte show no Wanda Metropolitano, Espanha.
    Som não tão bom quanto a um lugar fechado mas os 55.000 presentes e o clima épico deixam esse show gigantesco! SURREAL.
    Que nos tragam esse prazer de assisti-los ano que vem no Brasil.
    E sei que vão nos dar.......

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