Quando Bruce Dickinson e Adrian Smith retornam ao Iron Maiden, a banda lança, no ano 2000, um dos seus melhores trabalhos: "Brave New World". O disco chamou atenção na época não apenas pelo retorno de antigos integrantes, mas pela estreia de um sexteto e da presença de um trio de guitarras – algo não muito frequente no heavy metal. "Brave New World" emplacou várias músicas e somado à sua versão ao vivo, no Rock in Rio, fez bastante sucesso no Brasil.
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De lá pra cá, a banda se manteve constante, com bons discos de estúdio e com vários registros ao vivo. A sonoridade continuou a mesma. O grupo não precisou se "reinventar" ou mudar de estilo. Um detalhe, talvez, que vem chamando a atenção nos últimos álbuns seja a duração das músicas. Não que longas faixas fossem uma raridade na história da banda, entretanto desde "A Matter of Life and Death" elas se tornaram mais recorrentes. Bom, "Senjutsu" segue esse mesmo caminho, mas a qualidade das composições o coloca num patamar superior aos últimos trabalhos.
Das 10 faixas, podemos destacar 6 (mais da metade do disco) como composições que poderiam figurar nos futuros sets da banda: "Stratego", "The Writing on the Wall", "Lost in a Lost World", "Days of Future Past", "The Parchment" e "Hell on Earth". Comparando com os trabalhos anteriores realizados nos últimos 20 anos, creio que esse seja o disco de maior inspiração em relação às composições. É impossível, mesmo com seus muitos minutos, desprender a atenção de "Lost in a Lost World". A faixa é, sem dúvida, um dos maiores acertos da história da banda. Da mesma forma, a duração também não incomoda quem chega ao final do disco com "The Parchment" e "Hell on Earth", músicas praticamente irmãs. Confesso que na primeira vez que ouvi não percebi que uma tinha acabado e a outra começado, dado a transição perfeita entre as duas.
O que se percebe, em geral no disco e especialmente nas três músicas que destaquei anteriormente, é o cuidado em construir as linhas vocais em cima de riffs e melodias feitas, a princípio, pelas guitarras. Esse é um recurso bastante utilizado no disco e que funciona muito bem. De fato, a banda sempre fez esse tipo de arranjo, mas em "Senjutsu" ele é a coluna de sustentação da maioria das faixas. Em "The Parchment", por exemplo, todas as linhas do vocal do Bruce (estrofes, pontes e refrão) são antecipadas pelas guitarras antes de sua voz aparecer. Quando o vocalista entra você já se sente familiarizado com as melodias, o que dá uma sensação maior de identificação com a música.
A voz de Bruce está levemente mais envelhecida que no último álbum de estúdio. E a banda não se preocupou em fazer qualquer tipo de maquiagem nisso. O que temos em "Senjutsu" é uma apresentação honesta de quem já tem décadas de trabalho e que aceitou que as coisas não podem simplesmente permanecer iguais ao passado, que as limitações chegam para todos com o tempo. Inclusive, em alguns momentos é possível ouvir uma ou outra falha na continuidade de uma palavra ou frase, também se percebe uma mudança de timbre entre as faixas, e não por uma questão estética intencional, mas, ao que parece, por cansaço acumulado. Ora, essas situações são revertidas facilmente no estúdio durante a gravação. Mas a banda decidiu por outro caminho. Temos aqui a sensação de Bruce cantando ao vivo no estúdio. Uma estética mais orgânica que combinou com o disco e demonstra uma maturidade que dificilmente se vê por aí.
Entre os guitarristas, Adrian Smith é o mais inspirado. Seus solos se destacam. Somente nas duas últimas faixas é que temos um trabalho mais caprichado dos seus colegas de instrumento. Mas o que Janick Gers e Dave Murray não entregam com solos, com certeza compensam na quantidade absurda de riffs presentes em todo o disco. O baixo de Steve Harris é bastante perceptível e marcante, seguindo o padrão de seus trabalhos no Maiden. Por fim, temos uma excelente mixagem, o baixo é perceptível, as três guitarras também (em certas músicas a audição com fones de ouvido possibilita reconhecer duas guitarras diferentes tocando a base da música a sua maneira, uma pelo lado direito e a outra pelo esquerdo do fone), e tudo isso sem criar uma bagunça sonora, nem esconder a voz do Bruce – que está bem colocada (aliás, fato cada vez mais raro no metal).
Mesmo para quem não é fã da banda é preciso reconhecer: o Iron Maiden é a maior banda de heavy metal da história. Nenhum outro grupo no gênero está ativo há tanto tempo, lançando discos periodicamente e mantendo o mesmo padrão de qualidade nos seus trabalhos. Para o fã de metal, "Senjutso" vai oferecer ótimos momentos. Para o fã da banda, esse disco reafirma a grandiosidade de um grupo que consegue ser criativo sem fugir da sua essência e do seu jeito de fazer música.
Fonte: www.whiplash.net
Por João Paulo Pimentel.
Concordo plenamente com a resenha! Muito boa! Para mim senutsu é o melhor album desde seven son! Excelencia na música!
ResponderExcluirO que o Bruce faz em músicas como Stratego e Time Machine é absurdo, muita potência e alcance.
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