Bruce Dickinson – O grito de rebeldia do seu disco solo Tattooed Millionaire (1990)
Texto: Verônica Mourão.
O maior motivo de escrever essa matéria é ter me apaixonado
por Tattooed Millionaire e ao mesmo
tempo ter um grande apreço e interesse por No Prayer for Dying (Iron Maiden)
ambos de 1990, dos quais o cantor Bruce Dickinson participou.
O final dos anos 80 foi sem dúvida o fechamento de um ciclo
onde as pessoas estavam a começar a mudar os rumos da música pesada. Com uma
década dedicada ao Metal, a necessidade de um novo trabalho baseava-se em
aumentar a velocidade deste som, sujar a voz, aumentar os riffs e acordes da
guitarra, ao mesmo tempo mudar o ritmo, pois alguns já estavam um bocado fartos
do metal em si, buscando um caminho qualquer no Rock, sem que tudo tivesse uma
obrigação harmônica ou um padrão. Foi uma época em que também começaram as
ramificações do estilo.
Enquanto os formadores do Thrash e do Death avançaram para
sons mais sujos e cada vez mais rápidos, uma parte dos integrantes das antigas bandas
de metal e com suas influências, começaram a verter para estilos um bocado
diferentes, mas ainda barulhentos. Foi então que no inicio dos anos 90 surge o Grunge,
com aquela aquele peso delineado pela cultura norte americana, nomeadamente em
Seattle, e que daria outra cara para o rock pesado. Enquanto isso, o Metal no resto do
mundo, buscava um lugar para estar.
Então em 3 anos, Bruce mudaria totalmente sua carreira, e cortaria de vez, o vinculo com o Metal, os cabelos e o Maiden
Para o Iron Maiden essa fase foi exatamente o período pós o
desgaste traumático de anos em tournês, substancialmente longas e cansativas, mas
que trouxeram à carreira da banda o sucesso absoluto e perpetuado por muitos
registros. Depois da tour de Seventh Son
of Seventh Son, eles já estavam mais cansados, mais ricos, contudo ainda jovens e
cheios de energia para suas carreiras. O cansaço também era de ideologia, era aquele momento em que
você não tem mais 20 anos, mas não amadureceu o suficiente como nos 40 e vai fazer muito mais por si, do que para sua
família, grupo social ou trabalho.
Foi assim que Bruce e Adrian se sentiram, e o bichinho da
insatisfação começou a mexer dentro deles.
Por esse motivo, depois da tour do "Seventh Son...", Adrian pediu para sair. Não concordava, estava
exausto e iria partir para alguma coisa que fizesse sentindo naquela
época. Não foi diferente para Bruce. Contudo, Bruce criou uma dualidade em sua
vida profissional, e ao contrário de Adrian, só largou a banda depois de ter
certeza que seu trabalho paralelo decolasse.
Portanto foi em 1990, que Bruce lançou seu primeiro projeto
pessoal Tattoeed Millionaire, com o
conhecido ex-guitarrista de Ian Guillan, Janick Gers, que também se tornou o guitarrista
do Iron Maiden, após a saída de Adrian.
Sim, Janick abraçava junto à carreira solo de Bruce, o
álbum: No Prayer for Dying.
No Prayer
for Dying já havia começado diferente com a inclusão da canção de Dickinson: Bring your daughter to the slauther,
que foi contratada para ser trilha sonora do filme Nightmare On Elm Street 5: The
Dream Child(A Hora do Pesadelo 5) e também conquistou os ouvidos de Arry (apelido do baixista Steve Harris)
Vamos falar do
projeto Tattooed Millionarie de Bruce Dickinson.
A critica estampada do “eu não quero ser um milionário
tatuado", esbarra com questões antigas e pessoais de Bruce, ao mesmo tempo que este, uma celebridade
desde já , desenha sua própria personalidade e carreira individual. Bruce
sabia que duas coisas estavam acontecendo ali: Uma necessidade de se afastar do
Iron Maiden, seja no seu estilo musical (com um gradativo desligamento da
banda e afirmando seus talentos individuais) e o interesse em se modernizar com outras temáticas musicais presentes em toda década de 90.
Entretanto, Bruce retornaria a banda no final desta década e ainda iria lançar mais um trabalho de sua carreira paralela com o álbum: Tyrany of Souls (2005).
Prováveis motivos para o rompimento de Bruce com a banda em 1993 .
1-
Criar sua própria carreira solo
2-
Fase em que seu planejamento familiar estava em
ter e criar os seus filhos que começam a nascer no inicio de 90
3-
A necessidade de se afastar do “powerslave” da
grande indústria discográfica
4-
O interesse em mudar de cabelo, de postura e de
se envolver em outros interesses
5-
Sua carreira na aviação
6-
Sua atividades paralelas como a esgrima,
programas de TV e livros.
Tattoed Millionarie é lindo e diferente de tudo. Ouçam sem
julgamentos e comparações. Suas canções demonstram a
necessidade de afirmação pessoal e liberdade do vocalista.
As músicas
Son of Gun – Um som para suas tours, fala essencialmente de
coragem. Nas entrelinhas, podemos ver o momento em que ele se afirmava como
artista consagrado e também já começando a se sentir independente do Iron Maiden.
Ride on you son of a gun. Ride
on. Ride into the setting sun.
Tattoeed Millionaire – Estar rico e famoso é bom, mas também
a certos tipos de futilidades, que Bruce não está sujeito a aguentar no mundo
dos VIPS e Jetsets. Depois da década de descoberta do consumo (anos 80), o
jovem milionário do Iron Maiden pensa que pode ter dinheiro e fazer um melhor
uso dele (investir em aviação, por exemplo). A critica é mesmo sutil...Há quem diga que essa música também fala de outras
indiretas particulares à um outro músico.
"I don't want your big city shining.
I don't want your silver lining.
I don't want to be a tattooed millionaire"
Born in 58 - Mesmo antes de Bruce lançar sua autobiografia
contando um pouco sobre sua família e sobre suas origens, como descendente de
pessoas muito trabalhadoras e em busca de justiça, ele voltou ao seu passado e
nos traz seu orgulho.
My grandfather taught me how to fight.
Old fashioned stuff like wrong and right.
But all around I see his morals buried in a mess
Of money troubles, Born in a mining town in '58.
Hell on Whells.
“Something's driving me. I don't know where.
(alguém está me conduzindo, não sei pra
onde)
Something down in my cellar somewhere.
no one waiting for me down the line.
no one waiting for me this time.”
“Easy come means easy go.” – (o que vem fácil, vai fácil)
Gipsy Road
O jovem Bruce queria tanta liberdade, que escolher seus próprios
caminhos era uma certeza cada vez mais perene em sua mente. É como as escolhas
que fizemos na vida. Observe esse texto, de uma lindíssima música!
Gypsy road. Is the highway that I run to.
Gypsy road. Welcome to your dreams.
Oh oh oh, Gypsy road.
Living by my own rules. A rebel yell and a rebel creed.
(Vivendo
sob as minhas regras, um grito rebelde, uma crença rebelde)
Fábio Del Rio (bateria), Andy Car (Baixo), Bruce Dickinson (Vocal), Janick Gers (Guitarra)
DIVE! DIVE! DIVE!
Essa foi a aposta de Bruce Dickinson, como um dos Singles que ele
explorou no lançamento do seu disco. Também é o nome do DVD e a tour desse
disco. A coragem e a determinação de
Bruce com seu disco Rock n Roll, parecia não ter limites. Ele avançou para um
terreno desconhecido e ao mesmo tempo curioso. As guitarras de Janick presentes
na composição do álbum trazia o um pouco do que o guitarrista trazia de sua
experiência com Gillan, e um pouco da imaginação fértil e vigorosa de um cantor
à frente de seu tempo!
All the Young Dudes
A canção sobre a juventude, feita por David Bowie era a cara do novo
Bruce que surgia, com seus 32 anos, mas o vigor de um adolescente. Falar da
juventude, era mesmo abordar um novo Bruce que parece ter visto envelhecer
rápido numa banda altamente direcionada pelo produtor Smallwood x o baixista
Harris. Bruce queria começar algo novo, seu! Os gênios têm necessidade de se
expressar sozinhos, depois de contribuírem para as organizações. É assim, o
gênio Bruce.
Lickin' the gun e Zulu Lulu tem uma impressionante
balada rock n roll para homens corajosos. O masculino e o feminino. O primeiro
fala da coragem masculina e e o segundo, da feminina. Zulu Lulu era tipo o "Tchan", que uma mulher com atitude tinha para flechar seu coração.
No Lies
Essa canção já é algo sobre a verdade nos bastidores. Onde as pessoas não escondem o que são. Da boemia, à entrega aos vícios do corpo, e o cair das máscaras; Bruce traz o conceito daquilo que está encoberta pelas aparências.
“No lies. No angels. No heaven. oh.oh.oh.oh.”
Tattooed Millionaire foi uma espécie de composição corajosa e
determinada a conseguir libertar Bruce para viver seu grande sonho da carreira
solo. Era necessário identificar o que
havia conquistado ao longo de sua carreira com o Maiden. Ele era parte da banda ou grande parte daquilo que fez sucesso na banda? Obvio que Harris e Smallwood tiveram grande papel no sucesso, mas Bruce também levou o Maiden à um enorme patamar, e ele sabia disso...
A fama com a banda, o milionário que se tornou, o tipo de
atitude que combinava com seu estilo de ser, seus novos interesses como compositor / intérprete, e toda sua coragem estavam ali, carregadas e dispostas para o tempo e a hora certa.
O mais difícil para Bruce talvez tenha sido compartilhar sua
carreira solo e o Maiden. O desinteresse pelo grupo aumentou. Já para Janick as coisas estavam a ser diferentes, ele iria abraçar o Maiden. E com Bruce só iria gravar o primeiro disco.
A medida que o tempo foi passando, Bruce andava mais desanimado, mais arrogante, e
até mesmo indisciplinado em palco.
No Prayer on Road ainda tinha qualquer coisa de
empolgante e divertido, não existia desconexão por parte de Bruce, mas em Fear
of The Dark, a desintegração com a banda foi visível. Então em 3 anos, Bruce
mudaria totalmente sua carreira, e cortaria de vez, o vinculo com o Metal,
os cabelos e o Maiden. Sem saber, que outros tempos também viriam, depois que a
maturidade chegasse.
DIVE DIVE DIVE live
Faixas Bonus (Fonte Wikipedia):
- "Bring Your Daughter...To the Slaughter"
- "Ballad of Mutt"
- "Winds of Change"
- "Darkness Be my Friend"
- "Sin City"*
- "Dive Dive Dive (ao vivo)"
- "Riding with the Angels (ao vivo)"*
- "Sin City (ao vivo)"
- "Black Night (ao vivo)"*
- "Son of a Gun (ao vivo)"
- "Tattooed Millionaire (ao vivo)"
- "Sin City" é um cover do AC DC
- "Black Night" é um cover do Deep Purple
- "All the Young Dudes" é um cover do David Bowie
- "Riding with the Angels" é uma música da sua antiga banda, o Samson
Que matéria sensacional, Verônica! Riquíssima! Tattooed é meu álbum predileto da carreira solo do Bruce. Lindo!
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