23 anos do álbum X FACTOR - Iron Maiden. Sucesso ou fracasso?
O décimo álbum de estúdio do Iron Maiden surgiu depois de um momento delicado e importante na vida de Steve Harris. Saiba os detalhes.
A ressaca dos últimos anos com a saída de Bruce Dickinson, o fim de seu casamento e todos os demônios de uma transição insegura de quem não sabe para onde ir, fizeram com que o baixista tomasse decisões concisas e apressadas para permitir a continuação e a perpetuação do Iron Maiden, como uma forma de compensar a responsabilidade do estrondoso sucesso cravado nos anos 80 e ainda sob os holofotes do início dos anos 90.
Era necessário jogar todas as fichas na mesa, começar a arquitetar um novo vocalista e uma nova proposta diferenciada para o grupo, já que os tempos eram outros e era necessário uma nova contratação que não ferisse a tradicional proposta do Maiden, e enfim, sobreviver ao caos das perdas supostamente irreparáveis. Então surge um novo nome como Frontman. Seu nome é Blaze Bayley.
Blaze Bayley foi escolhido por Harris, possivelmente por motivos pessoais. Observar o que o cantor havia feito no seu trabalho com o Wolfsbane, e também considerar que ele era britânico, parecia ser mais fácil para absorver os ideais do chefe. Ainda que importantes cantores de metal mundial, entre eles o brasileiro André Matos tentaram essa vaga (ou foram sugeridos), o tempo era curto demais e o mais importante era manter a identidade da banda, para se manter o máximo TRADICIONAL.
Ainda que o disco que viesse no meio dos anos 90 (em 1995), teria imensas modificações nas suas composições e letras, soando assim um tanto quanto contraditório, o fato é que não se sente tanto a transição entre Paul Dianno e Bruce Dickinson, (ainda que fossem vozes tão diferentes), como se sentiu com Bruce e Blaze.
Steve ainda tentou não correr o risco de fundir o Maiden com terrenos desconhecidos demais, era importante para Harris buscar um artista de sua terra e que lhe oferecesse uma certa segurança e/ou confiança, pois os danos das rupturas já tinham sido intensos demais.
Provavelmente a reunião que decidiu que a banda deveria continuar custe o que custar; veio da coragem e determinação de Steve, porém talvez não envolveu um cuidado cirúrgico na escolha das canções, podendo o tal novo álbum estar correndo o risco de se tornar uma grande decepção para os fãs. O risco não acabaria ai...Podia ter uma rejeição pelo novo cantor, com voz inferior ao de Bruce, e as composições distanciarem da proposta original. Eis que no dia 2 de outubro chegou ao conhecimento do mundo, X FACTOR: O novo álbum do Maiden, sem Bruce Dickinson.
De forma muito estratégica, Sign of The Cross muitas vezes admirada na voz de Blaze, abre este trabalho e traz uma incrível canção com requintes harmônicos e que tornaria uma das obras primas da banda, até hoje executada em concertos. Sign of the Cross, mesmo executada por Bruce, nunca perdeu sua majestade e sua força cênica em shows e parece ser tão intensa quanto ouvir o disco. Ali Steve estava a ser STEVE HARRIS, o criador de sucessos do Maiden.
Lord of flies, veio então nos trazer a voz pesada e cheia de "masculinidade" de Blaze. As baterias de Nicko estão sensivelmente bem colocadas, e a temática traz uma nova forma de execução de guitarras populares que pareciam dizer que talvez, aquele seria mais um dos grandes álbuns da banda, ainda que para muitos os discos da Era Blaze, destonam do restante do Maiden. Mas talvez as coisas não eram tão ruins assim. Embora tudo seja absolutamente discutível. Pois, Maiden é Maiden com todas as suas fases, vozes e variações.
No auge dos anos 90 não havia nada mais significativo para o Iron Maiden e para qualquer outra banda de rock, metal ou pop, como lançar um video clipe (já em alta nos anos 80). Mas era quase que tão viral quanto ter um video no youtube nos tempos atuais. A criação magnânima de Bayley para "Man on the edge" virou um vicio inebriante dos tempos de MTV. Era o reinado da MTV!!
O video do homem caindo no abismo no meio do caos da urbanidade, a força absurda de um som tão rápido como tudo que o Maiden fizera, foi um salto para a mídia, trazendo uma potência áudio visual para um possível e considerado "hit" televisivo. Me recordo firmemente de ver este "clip" passar incessantemente nas paradas da Music Video Television e de ser comentado por muitos: O Maiden não morreu. Tem um novo som, e um novo vocalista. Era Man on the Edge e até hoje Blaze a leva orgulhoso para seus shows da carreira solo, causando furor positivo na platéia.
Fortunes of War que pretendia-se obviamente ser uma balada, traz ao álbum uma delicada entrada e uma subida que repetia muitas das composições do Maiden. Com o refrão "Fortunes of War oh ohohohoh" e excelentes guitarras executadas pela intrépida combinação dos acordes de Dave Murray e Janick Gers, essa mostrava sem dúvida, a estabilidade de Murray e as nuances de Janick.
Look for the truth então, voltada a delicadeza dos solos de cordas que recordam os tempos inspiradores do progressivo de Rainbow e UFO nos idos anos 70 e bateria de Nicko era mesmo crua. The Aftermath já buscou mais modernismo (anos 90) e procurou preencher substancialmente o som dos caras. Uma música com mais de 6 minutos que era mais uma vez um deleite ao destrinchar das guitarras de Murray que traz sem dúvida uma força para o álbum.
Na Judgement of Heaven também estava com um acorde um pouco buscando as origens antigas da banda, ainda que Nicko ergue a canção com virtuosismo. Aos 2:36 minutos da música um solo totalmente inusitado vem nos dizer que eles tinham ansiedade de criar algo que fosse novo, com o vocal pouco convincente à "altura" de Blaze.
O mesmo, em Blood on the World´s Hands acontece, na busca da inovação que parecia ser a única saída para a continuação da banda com seu novo formato. Mas forçou bastante a barra. The Edge of Darkness não impressiona até que 2 AM é uma música que trouxe mais vontade de ouvir o disco até o fim.
Era moderno e harmonioso, enquanto The Unbeliever é mesmo dificil de entender, o que aconteceu ali. Afinal que disco é esse?
X Factor foi marginalizado e considerado por muitos um retrocesso na carreira da banda, ainda que contenha músicas interessantes da carreira do Maiden. Blaze não foi tão bem aceito porque o compararam excessivamente com Bruce e as canções realmente saíram muito do padrão que o próprio Maiden criou.
Como admiradora da banda e acompanhando suas evoluções , acredito que o que se passou foi uma tentativa de não morrer afogado após a queda da popularidade do Heavy Metal nos anos 90, as perdas temporárias de um dos seus maiores personagens, a tentativa desesperada de manter a banda com boa qualidade instrumental e bons shows (ainda que Blaze não tenha conseguido fazer tournês, como deveria, por pegar alergias em palco) para não se perder completamente.
Se não fosse o orgulho inabalável de STEVE totalmente destroçado pelos seus problemas, mas firme como um homem bem sucedido em sua carreira e os instrumentais de MURRAY , que mantinham a vela acesa desde o primeiro choro da criança nos idos anos 70, quando o parto da banda se fez no Natal, talvez esse seria um disco para gangrenar o Iron Maiden.
A sorte é que o tempo passa e muitas coisas mudam. E não estou falando só de Bruce voltar ao local de trabalho, junto com Adrian. Mas de tudo ir amadurecendo ainda com Blaze no disco posterior Virtual XI e todas as reviravoltas fantásticas de sorte que o Maiden tem.
Enquanto uma maioria esmagadora de fãs da banda não consegue ver beleza em X FACTOR, uma outra parte menor, insiste em ter um olhar respeitoso e amplo sobre esse diferente e inusitado trabalho, tornando o como algo importante e digno de considerações. Talvez seja isso que fez o Iron Maiden se tornar uma potência miraculosa, mesmo em tempos em que o Metal oscilou na preferência de muitos e ganhou atribuições diversas.
O fato é que ainda que não seja meu álbum preferido, nem nunca será, tenho que admitir que BLAZE isoladamente é um ótimo cantor, e sua carreira no Maiden ainda que mediana, provou que ele ao menos tentou carregar em seus ombros a tremenda responsabilidade de não deixar um gigante morrer.
23 anos se passaram...Feliz Aniversário Jovem Rebelde!
Era necessário jogar todas as fichas na mesa, começar a arquitetar um novo vocalista e uma nova proposta diferenciada para o grupo, já que os tempos eram outros e era necessário uma nova contratação que não ferisse a tradicional proposta do Maiden, e enfim, sobreviver ao caos das perdas supostamente irreparáveis. Então surge um novo nome como Frontman. Seu nome é Blaze Bayley.
Blaze Bayley foi escolhido por Harris, possivelmente por motivos pessoais. Observar o que o cantor havia feito no seu trabalho com o Wolfsbane, e também considerar que ele era britânico, parecia ser mais fácil para absorver os ideais do chefe. Ainda que importantes cantores de metal mundial, entre eles o brasileiro André Matos tentaram essa vaga (ou foram sugeridos), o tempo era curto demais e o mais importante era manter a identidade da banda, para se manter o máximo TRADICIONAL.
Ainda que o disco que viesse no meio dos anos 90 (em 1995), teria imensas modificações nas suas composições e letras, soando assim um tanto quanto contraditório, o fato é que não se sente tanto a transição entre Paul Dianno e Bruce Dickinson, (ainda que fossem vozes tão diferentes), como se sentiu com Bruce e Blaze.
Steve ainda tentou não correr o risco de fundir o Maiden com terrenos desconhecidos demais, era importante para Harris buscar um artista de sua terra e que lhe oferecesse uma certa segurança e/ou confiança, pois os danos das rupturas já tinham sido intensos demais.
Provavelmente a reunião que decidiu que a banda deveria continuar custe o que custar; veio da coragem e determinação de Steve, porém talvez não envolveu um cuidado cirúrgico na escolha das canções, podendo o tal novo álbum estar correndo o risco de se tornar uma grande decepção para os fãs. O risco não acabaria ai...Podia ter uma rejeição pelo novo cantor, com voz inferior ao de Bruce, e as composições distanciarem da proposta original. Eis que no dia 2 de outubro chegou ao conhecimento do mundo, X FACTOR: O novo álbum do Maiden, sem Bruce Dickinson.
De forma muito estratégica, Sign of The Cross muitas vezes admirada na voz de Blaze, abre este trabalho e traz uma incrível canção com requintes harmônicos e que tornaria uma das obras primas da banda, até hoje executada em concertos. Sign of the Cross, mesmo executada por Bruce, nunca perdeu sua majestade e sua força cênica em shows e parece ser tão intensa quanto ouvir o disco. Ali Steve estava a ser STEVE HARRIS, o criador de sucessos do Maiden.
Lord of flies, veio então nos trazer a voz pesada e cheia de "masculinidade" de Blaze. As baterias de Nicko estão sensivelmente bem colocadas, e a temática traz uma nova forma de execução de guitarras populares que pareciam dizer que talvez, aquele seria mais um dos grandes álbuns da banda, ainda que para muitos os discos da Era Blaze, destonam do restante do Maiden. Mas talvez as coisas não eram tão ruins assim. Embora tudo seja absolutamente discutível. Pois, Maiden é Maiden com todas as suas fases, vozes e variações.
No auge dos anos 90 não havia nada mais significativo para o Iron Maiden e para qualquer outra banda de rock, metal ou pop, como lançar um video clipe (já em alta nos anos 80). Mas era quase que tão viral quanto ter um video no youtube nos tempos atuais. A criação magnânima de Bayley para "Man on the edge" virou um vicio inebriante dos tempos de MTV. Era o reinado da MTV!!
O video do homem caindo no abismo no meio do caos da urbanidade, a força absurda de um som tão rápido como tudo que o Maiden fizera, foi um salto para a mídia, trazendo uma potência áudio visual para um possível e considerado "hit" televisivo. Me recordo firmemente de ver este "clip" passar incessantemente nas paradas da Music Video Television e de ser comentado por muitos: O Maiden não morreu. Tem um novo som, e um novo vocalista. Era Man on the Edge e até hoje Blaze a leva orgulhoso para seus shows da carreira solo, causando furor positivo na platéia.
Fortunes of War que pretendia-se obviamente ser uma balada, traz ao álbum uma delicada entrada e uma subida que repetia muitas das composições do Maiden. Com o refrão "Fortunes of War oh ohohohoh" e excelentes guitarras executadas pela intrépida combinação dos acordes de Dave Murray e Janick Gers, essa mostrava sem dúvida, a estabilidade de Murray e as nuances de Janick.
Look for the truth então, voltada a delicadeza dos solos de cordas que recordam os tempos inspiradores do progressivo de Rainbow e UFO nos idos anos 70 e bateria de Nicko era mesmo crua. The Aftermath já buscou mais modernismo (anos 90) e procurou preencher substancialmente o som dos caras. Uma música com mais de 6 minutos que era mais uma vez um deleite ao destrinchar das guitarras de Murray que traz sem dúvida uma força para o álbum.
Mas a energia parece baixar...
O mesmo, em Blood on the World´s Hands acontece, na busca da inovação que parecia ser a única saída para a continuação da banda com seu novo formato. Mas forçou bastante a barra. The Edge of Darkness não impressiona até que 2 AM é uma música que trouxe mais vontade de ouvir o disco até o fim.
Era moderno e harmonioso, enquanto The Unbeliever é mesmo dificil de entender, o que aconteceu ali. Afinal que disco é esse?
X Factor foi marginalizado e considerado por muitos um retrocesso na carreira da banda, ainda que contenha músicas interessantes da carreira do Maiden. Blaze não foi tão bem aceito porque o compararam excessivamente com Bruce e as canções realmente saíram muito do padrão que o próprio Maiden criou.
Como admiradora da banda e acompanhando suas evoluções , acredito que o que se passou foi uma tentativa de não morrer afogado após a queda da popularidade do Heavy Metal nos anos 90, as perdas temporárias de um dos seus maiores personagens, a tentativa desesperada de manter a banda com boa qualidade instrumental e bons shows (ainda que Blaze não tenha conseguido fazer tournês, como deveria, por pegar alergias em palco) para não se perder completamente.
Se não fosse o orgulho inabalável de STEVE totalmente destroçado pelos seus problemas, mas firme como um homem bem sucedido em sua carreira e os instrumentais de MURRAY , que mantinham a vela acesa desde o primeiro choro da criança nos idos anos 70, quando o parto da banda se fez no Natal, talvez esse seria um disco para gangrenar o Iron Maiden.
Até o Eddie é representado em sofrimento, ao contrário das outras capas...
Enquanto uma maioria esmagadora de fãs da banda não consegue ver beleza em X FACTOR, uma outra parte menor, insiste em ter um olhar respeitoso e amplo sobre esse diferente e inusitado trabalho, tornando o como algo importante e digno de considerações. Talvez seja isso que fez o Iron Maiden se tornar uma potência miraculosa, mesmo em tempos em que o Metal oscilou na preferência de muitos e ganhou atribuições diversas.
O fato é que ainda que não seja meu álbum preferido, nem nunca será, tenho que admitir que BLAZE isoladamente é um ótimo cantor, e sua carreira no Maiden ainda que mediana, provou que ele ao menos tentou carregar em seus ombros a tremenda responsabilidade de não deixar um gigante morrer.
23 anos se passaram...Feliz Aniversário Jovem Rebelde!
Esse foi um álbum maravilhoso. No meu ponto de vista o pecado foi a banda insistir em tocar na turnê musicas da era Dickinson na mesma tonalidade mesmo estando claro que Bayley não conseguia atingir as mesmas notas. Era só afinar os instrumentos meio tom abaixo e tudo estaria resolvido. Talvez Blaze estivesse na banda até hoje.
ResponderExcluirTodos pagam um preço alto quando está numa posição tão importante, no caso, na maior banda de metal de todos os tempos o Maiden. Foi o que ocorrera com Blaze.
ResponderExcluirParabéns pelo belo texto muito bem escrito!