[IRON MAIDEN] - Eddie - O estereótipo da transgressão e da libertação juvenil

      

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Minha filha tem uma boneca de porcelana holandesa que enfeitou seu quarto por anos até que o tempo passou, essa boneca saiu da estante e acabou virando parte dos brinquedos, e então agora que ela tem quase 10 anos e já não liga muito, não sobrou quase nada da dita cuja.
Hoje a encontramos com a boca quebrada e minha filha deu tanta risada que voltou a ser um objeto importante para ela, e também motivo de muitas brincadeiras e piadas. Fez-me pensar sobre a questão da imagem degradada do humano, como pode ser tão terrível e ao mesmo tempo tão fascinante.


Quando Steve Harris iniciou os trabalhos para a criação do Iron Maiden, um símbolo era parte presente nos primeiros shows de sua carreira: Uma cara mortuária que saía fumaça pela boca. 

Harris queria de qualquer maneira que não só sua banda mas seus shows fossem expressivas formas de demonstração artística. Nada mal para quem já era artista de desenho e arquitetura como Steve. Foi então que solicitou ajuda ao seu primeiro cenógrafo, o Dave Lights:


“Um amigo meu que estava na faculdade de Artes, fez um molde do meu rosto que usamos no fundo do palco. Era uma cara grande e assustadora! Claro que demos um apelido, Eddie, o Morto, por causa de uma piada que circulava na época.”  - Diz Dave *


Assim foi criado o primeiro estereótipo do “monstro” que se tornava o fascínio que marcaria posteriormente a criação do maior ícone da história do Heavy Metal – Os “Eddies” de Derek Riggs. 

Com a entrada dos anos 80, a banda deixava de ser mais um grupo de jovens do East End para abraçar o inicio de uma carreira, gravando seu primeiro disco "Iron Maiden"; foi então que Derek fora contratado para substituir a máscara por uma figura meio monstro, meio humano que seria de fato a alma do Iron Maiden. 

“Eddie é a alma do Maiden, o símbolo ETERNO do espírito jovem e intransigente da música da banda. Não importa qual a sua idade, Eddie representa aquela parte de nós que jamais deixará de amar o rock a todo volume, ao vivo, em performance extrema, que jamais irá tremer ou se esconder das adversidades nunca desistira da esperança de que tempos melhores ainda estão por vir....em algum lugar.” - Mick Wall (biógrafo da banda)


Esse fascínio do “monstro” é quase que algo que contrasta na verdade com os medos da vida, e ao mesmo tempo com a coragem. Imagina que o único aspecto que realmente amedronta o ser humano é o aspecto desfigurado da imagem humana, mas esse realmente só existe na tragédia da morte ou de um acidente ou de uma doença. É o caos! O que causa repulsa na maioria das pessoas adultas, na fonte de liberdade da juventude na verdade causa o enfrentamento do “terrível” como se tem pelos filmes de terror e a recente admiração dos “zumbis” como em séries como Walking Dead.


O Eddie, a boneca de louça quebrada e os Zumbis, nos levam para o sentido de confronto da estética pré-definida do correto, seguro, tradicional e perfeito para um universo de quebra de paradigmas e padrões especialmente revelado na adolescência e na juventude; como sistema de invocação dos nossos piores e melhores sentimentos, do acesso irrevogável à liberdade de expressão e finalmente se “diferenciar”, se “distanciar” da sociedade como rebeldia, curiosidade ou o despertar do mágico no existir.


Eddie, the head esteve presente em todos os discos do Iron Maiden e tornou-se símbolo absoluto da banda sendo estampado em camisas, canecas, botons e dezenas de outros objetos. Foi adaptado de forma primorosa aos temas da banda. Desde o primeiro (meio punk, meio metal), passando pelos históricos (faraó de Powerslave, maia de Book of Souls), e vários outros. Foram criadas adaptações às tournês, jogos e até mesmo compilações e demos ou Eps da banda.

Eddie saiu da parede e tornou-se um símbolo móvel, um boneco enorme que interage com os integrantes da banda. O fascínio de sua presença acende o interesse pelo espetáculo e faz parte do que torna o Iron Maiden uma banda apaixonante e irresistível para milhares de fãs. 

Os Eddie de Live at Donington, Best of the B´Sides e The Book of Souls foram criados pelo ilustrador Mark Wilkinson.

* e ** - Extraídos do livro "Run to The Hills" de Mick Wall



    Sobre Verônica Mourão

    Verônica Mourão

    3 comments:

    1. A figura do Eddie, sem dúvida, é e sempre será um ícone na história do rock. Há imagens e logomarcas que estabeleceram identidades impactantes ao longo dos anos: o próprio eddie, a língua dos Stones, os logotipos do Ramones e do KISS, apenas para citar alguns. No caso do Maiden a banda ousou ao transformar as figuras de desenho do Eddie em um ser "real" para o material de divulgação do álbum The X Factor ( uma criação impactante do artista Hugh Syme ).

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      1. Obrigada pela sua contribuição neste site Norberto.um abraço.

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    2. Da minha juventude, lembro tranquilamente duas coisas: quem gostava do Maiden, aguardava ansiosamente não apenas o álbum, mas a capa do álbum justamente para ver o Eddie; quem não gostava do Maiden, tinha quase a mesma ansiedade para ver como estaria o Eddie na nova capa... rsrsrs. O Eddie, se pensar bem, transcendeu a própria banda. Ele conquistou até quem não era fã da banda. Com 40 anos atualmente, eu, que escuto e admiro o Maiden desde os 9 anos de idade, ainda fico revendo as capas dos álbuns e singles da banda. Muitas são maravilhosas: meus destaques rápidos para Run to the Hills, Somewhere in Time, Stranger in a Strange Land, Live Afther Death, Powersalve. Mais recentemente para A Matter of Life and Death.

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