Para o Papo de Homem
Se você é um fã de Danny Glover, da franquia Máquina Mortífera, ou apenas está chegando nos 30 e ficando cada vez mais desanimado com as coisas, uma declaração com a qual você deve estar claramente acostumado é “eu estou velho demais pra essa merda”.
Essa frase, curta porém emblemática, representa a constante e crescente sensação do oficial Roger Murtaugh de que, já no primeiro filme (de uma franquia que foi até o quarto), ele estava velho demais pra toda essa coisa de explosões, tiros e perseguições. Ela é às vezes usada por nós, seja aos 25, 30, 35 ou 40, pra ilustrar a mesma sensação de que pô, sério, nem temos mais idade pra essas coisas. Isso tudo tá muito cansativo. Essa aposentadoria bem que podia vir mais cedo.
Bem no meio desses nossos momentos de mimimi em que você com 27 se sente velho, com 30 se imagina um idoso e com 35 espera já estar usando uma boina e jogando dominó na praça, chega a notícia de que o Bob Dylan – 70 anos de idade – está aí se preparando pra vir ao Brasil em abril.
Que o Roger Waters – 68 anos de rock – também tá se aprontando pra aparecer por essas paragens. E que os Stones – o mais moleque do grupo tem 64 e possivelmente está nesse momento levando pra cama uma garçonete russa de 18 – devem vir em 2012. E nem vamos mencionar o Leonard Cohen lançando disco novo, porque ele tem 77 anos e provavelmente tá mentindo a idade pra menos, você sabe como são os canadenses.
Mas qual será que é o segredo disso? É a combinação de álcool e drogas alterando o metabolismo e garantindo a vida eterna? É o sexo com grupies que mantém a mente ativa e os membros ágeis? São as transfusões de sangue que a galera dizia que o Keith Richards fazia na Suíça, somadas ao efeito benéfico de cheirar as cinzas dos próprios familiares que garantem disposição e energia todas as manhãs? Por mais tentadora que a urna da Tia Selma possa estar parecendo para mim nesse momento, é bem provável que a resposta não seja nenhuma dessas.
O que muito provavelmente vem ajudando a manter de pé e na estrada caras como Dylan, Water, Jagger, Cohen, Richards e Joe Cocker é a pura paixão pelo que fazem. A satisfação de sair da cama e sentir prazer nisso, o tesão de trabalhar no que amam e no que são bons, é provavelmente isso que tem feito com que esses caras, seja aos 60, 70 ou 80, nunca estejam velhos demais para o rock and roll – ou para sair com garçonetes russas menores de 21 anos e gerar capas criativas em tablóides britânicos.
Porque se tem uma lição que a gente pode tirar desses caras é que nunca vamos estar "velhos demais para essa merda" enquanto "essa merda" for algo pelo qual somos realmente apaixonados.
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