David Ellefson ( Megadeth): "O Maiden trouxe o metal até mim."


O baixista do MEGADETH, DAVE ELLEFSON, acaba de lançar sua autobiografia, “My Life With Deth – Discovering Meaning In A Life of Rock & Roll”. O livro foi escrito à quatro mãos com a colaboração do autor JOEL MCIVER e tem seu prefácio cunhado por ALICE COOPER.

O que segue abaixo é uma pequena compilação de trechos traduzidos do livro – que ainda não tem previsão para sair no Brasil.

[...] Como é a abstinência da heroína? Bem, é como estar muito gripado, ao mesmo tempo em que você sabe que, caso você pudesse só sair e comprar, você ficaria melhor em de três a cinco minutos.

Seu estômago fica embrulhado, você tem dores em todo canto, e é simplesmente horrível.

Era assim que eu estava me sentindo no dia 20 de Agosto de 1988, enquanto a minha banda, o MEGADETH, estava voando para a Inglaterra para tocar para 107 mil pessoas no renomado festival Monsters of Rock em Castle Donington. Eu deveria estar me sentindo no topo do mundo. Ao invés disso, eu estava em um inferno que eu mesmo havia construído.

Chegamos à Inglaterra e subimos no ônibus para o show, a cerca de duas horas ao norte de Londres. Eu tive que me livrar do meu bagulho no avião antes de eu chegar à imigração do aeroporto de Heathrow, e a inevitável abstinência me pegou com um soco no estômago. Eu fui para o hotel e fiquei tão doente que todo mundo acabou descobrindo. Todo mundo estava chocado. Eu era um viciado tão competente – tão liso. “Seu noiado americano!” disse o médico.

Quando saí do palco, eu estava tão doente que eu só fui pro ônibus.

Isso estava tão distante de onde minha história começara… [...]

[...] Eu ouvi o IRON MAIDEN e percebi que Steve Harris era o baixista, compositor e também líder da banda, o que mudou minha concepção sobre o papel de um baixista em uma banda. Eu vinha escutando Geddy Lee, do RUSH, e muito, e eu estava tocando na banda de jazz da escola também. Eu estava tendo aulas de baixo com nosso instrutor da banda de jazz, Bob, que era um conhecedor experiente de jazz e um baterista muito bom. Você notava que ele já tinha feito vários shows antes de se tornar professor. Ele tinha cabelo comprido, e ele aparecia pro ensaio da banda de jazz às 7 da manhã, antes da aula.

Assim começaram os estudos formais sobre jazz para mim e um amigo, Ethan, com o qual eu vinha de carona da fazenda naquelas manhãs. Ethan era um grande músico, e tinha sido a mãe dele quem me dera as primeiras aulas de órgão Wurlitzer durante a quarta série, no que foi minha primeira introdução oficial à execução musical. A banda de jazz de fato me fazia sentir melhor a respeito de música de alguma maneira, como se fosse rock n’ roll de outro gênero. Bob me fez gostar de Spyro Gyra e Weather Report, com o baixista incrível deles, Jaco Pastorius. Eu tinha visto Stanley Clarke tocar no [programa televisivo] “The Midnight Special” na casa de Greg anos antes, então eu já manjava um pouco de tocar jazz no baixo.

Bem nessa época, [o filme] “Rocky – Um Lutador” foi lançado, e Maynard Ferguson, o trompetista, escrevera a música do filme. Numa noite de outono, Maynard tocou numa cidade vizinha, Windom, Minnesota, então Ethan e eu fomos vê-lo. Apesar de eu curtir Rush e música progressiva, eu nunca, tinha ouvido música tocada daquele jeito antes. Parecia impossível para mim ser tão sobre-humanamente bom daquele jeito. Todo mundo na banda dele era inacreditavelmente foda. O baterista do Weather Report, Peter Erskine estava na banda dele, além do baixista Gordon Johnson, de Minneapolis, que me derrubou com o jeito fluído de tocar. Por mais que eu respeitasse o Rush no domínio do rock n’ roll, de repente eles pareciam músicos do jardim de infância comparados com a banda de Maynard. [...]

[...] Eu estava completamente bitolado com Iron Maiden na época. Eu fui até Minneapolis para ver eles tocarem com o Scorpions e o Girschool. Deve ter sido em 1982, e eu soube que era aquilo que eu queria fazer. Definitivamente, era o meu futuro tocar o estilo mais novo de metal. O Maiden trouxe o metal até mim. Não era afeminado nem cheio de brilho; era legal e acessível. O que eles fizeram na New Wave of British Heavy Metal fora muito similar, nesse sentido, ao que o Megadeth faria depois no Thrash Metal, no sentido de que era música inspirada por uma honestidade autêntica no nível das ruas. [...]
Steve Harris e David Ellefson ( os dois ultimos da esq. p/direita)
Eu vinha tocando baixo majoritariamente com os dedos, apesar de eu tocar com palheta também. Eu tinha moldado meu estilo baseado nem Steve Harris no começo do Iron Maiden e em Bob Daisley do Rainbow e da banda de Ozzy Osbourne –ambos diferentes em estilo do que a música de Dave exigia.

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