[PROFILE] - Dave Murray (PARTE 1)

Créditos : Aghata Murray (Orkut)

Dave Murray - Biografia

Nascimento: 23/12/1956
Cidade natal: Londres
Instrumento: Guitarra
Bandas: Stone free; Eletric Gas; The Secret; Legend; The Stuff; Evil Ways (72/74); Iron Maiden (76/atualmente)
Principais influências: bandas - Jimi Hendrix, Deep Purple, Free. Guitarristas - Jimi Hendrix, Richie Blackmore (Deep Purple) Paul Kossoff (Free), Robin Trowler, BB King, Stevie Ray Vaughan, Santana, Billy Gibbons.

Em 23 de dezembro de 1956, no Royal Middlesex Hospital em Edmonton, Londres, nascia David Michael Murray.


Exatamente como Harris, futebol foi sua grande paixão durante a infância e princípio da adolescência. Ele era um bom meio de campo, com algumas características de atacante: "Eu cresci na área de Tottenham de Londres, por isso eu sempre fui um torcedor do Tottenham Hotspur - apesar de ter que admitir que eu nunca fui a um jogo. Eu os assistia na TV, você sabe. Era meio lógico ser assim, já que meu pai e minha mãe também eram torcedores do Tottenham. Mas isso tudo meio que acabou para mim, essa coisa de loucura de futebol, logo que tinha uns 15 anos e comecei a seguir bandas, comprar discos e coisas do gênero."
A mãe de Dave costumava trabalhar como faxineira de meio período enquanto que seu pai era aposentado precocemente devido a motivo de doença. "Era do tipo (de doença) que vai te minando as forças aos poucos, até chegar ao ponto de que ele não conseguia fazer nenhum esforço físico." O dinheiro entrava irregularmente e, como resultado, a família vivia se mudando pela região. Como se lembra Dave: "Eu já devia ter estado em dez escolas diferentes quando cheguei aos 14 anos. Nós moramos em todas as partes de East London. Vivíamos nos mudando - basicamente porque éramos tão pobres. Nós arranjávamos um lugar por algum tempo e então tínhamos de nos mudar para alguma outra casa apenas alguns meses depois."
Frustração e pobreza levavam os pais de Dave a brigas. Quando isso ocorria, a mãe de Dave levava as crianças para o depósito do Exército da Salvação mais próximo, onde costumavam passar semanas protegidos dos ocasionais ataques de fúria do pai. "Mas nós sempre voltávamos para casa cedo ou tarde". Estes foram os anos que formariam a personalidade do futuro guitarrista do Maiden. Ocasiões que o levaram a se voltar para si mesmo e a manter a boca fechada e a "seguir em frente" em tempos difíceis. "Eu acabei criando esta 'carapaça' em torno de mim", comentou ele anos depois, "Você tinha que manter a cabeça baixa se queria sobreviver." Este aprendizado seria bastante útil nos muitos momentos de crise e mudanças de membros no seu futuro grupo. Mas não parecia e não era uma época boa para ninguém e Dave não tem lembranças felizes desse período.

"É, foi um aprendizado muito duro. (quando criança) Ganhar alguma coisa nova era muito raro. Era muito difícil, e eu acho que de certa forma isso me afeta até hoje. Mas, naquela época, olhando para as outras famílias que nós conhecíamos, a coisa não era muito diferente. Nós todos éramos pobres. A primeira coisa que fiz quando arranjei algum dinheiro com o Maiden foi comprar uma casa para meus pais. Eu sempre quis fazer isso, por causa de toda pobreza a que eles estavam acostumados. Eu só queria dar a eles algo sólido, para que não tivessem ter que se mudar novamente. Isso era o que eu sempre sonhava em fazer se conseguisse sucesso com minha música. E, se essa parte do sonho se realizasse, então estaria satisfeito. Quer dizer, se eu perdesse tudo amanhã, pelo menos eu tinha feito minha parte, e isto me fez me sentir muito bem. Meu pai já faleceu há algum tempo, mas minha mãe ainda vive naquela casa.
Mas ficar se mudando toda hora quando criança, sendo constantemente o novo garoto da vizinhança, logo queria dizer que os outros viviam em cima de Dave. Ele teve que endurecer rápido para agüentar. Seu pai, que por um tempo foi parte do círculo de amizades dos notórios bandidos do East End liderados pelos gêmeos Ronnie e Reggie Kray nos anos 60, o encorajou a se defender por conta própria.
"Você sabe, eu era sempre o novo aluno na classe. E você tem que lutar pelo seu espaço, para ser aceito algumas vezes. E, assim que eu tinha feito algumas amizades, eu tinha que me mudar e então começava tudo de novo. Então eu acabava num monte de brigas, sim. De fato, meu pai me ensinou boxe desde que eu era muito novo. Ele me comprou um par de luvas de boxe, sabe, daquelas pequenas. Eu ainda as tenho em algum lugar. E ele ficava constantemente me ensinando a me cuidar."
O jovem Dave logo se interessou por música, chegando mesmo a fazer uma guitarra de cartolina para fazer mímica com os discos dos Beatles das irmãs. Também arriscava brincar com o piano de um bar que ficava na parte de baixo de um conjunto que moraram durante algum tempo. Mas, como ele mesmo se lembra, naquela época música era "coisa das minhas irmãs". Esporte era algo que o atraía bem mais, pelo menos até seus quinze anos. Ele era bom em Cricket, futebol e boxe, entrando em times das escolas que freqüentava com bastante sucesso.

Em 1970, sua família finalmente arranjou uma moradia mais firme em Clapton. E, assim como seu futuro companheiro musical Steve Harris e muitos outros adolescentes do East End, durante um tempo, Dave se tornou um Skinhead. Ao contrário de Steve, no entanto, ele adotou o corte de cabelo típico da época. E estava, regularmente, se “metendo em confusão - brigas de rua e coisas assim". Não é uma parte de sua juventude que ele se orgulha, claro, apenas "algo que todos os garotos da vizinhança estavam envolvidos. Toda hora tinha gangues sendo formadas, mas você não podia ficar de fora ou eles te faziam a vida ficar miserável, nunca te deixavam em paz, sabe?"
Durante quase dois anos, Dave viveu a movimentada vida de turbulência urbana, antes que fosse para o extremo oposto. "Eu então decidi que preferia uma atitude mais pacífica em relação à vida. O que aconteceu foi que uma vez eu estava indo para um jogo do Arsenal e teve uma briga de gangues bem séria e eu pensei 'Pra mim chega!', foi horrível. Hoje eu olho para aquela fase como parte de meu crescimento e um tipo de crise de identidade, quando eu tentava descobrir quem eu era, este tipo de coisa. Então eu deixei meu cabelo crescer, troquei a indumentária e decidi me transformar num hippie - bicho!"

Nesta época, também num paralelo à do colega por vir, Steve Harris, Dave estava ouvindo muito Reggae com sua turma de Skinheads. "Eu costumava comprar todos estes álbuns de antologias de reggae, que tinham estes artistas que me interessavam naquele tempo - Dave e Anselmo Collins, Jimmy Cliff, Prince Buster, etc. Era só aquele tipo de música que tocavam nos clubes e festas que costumávamos ir. Tinha um grande ritmo e você podia dançar legal com aquilo. Eu era como qualquer outro adolescente, tentando novos objetivos até encontrar um com que me identificasse."
O momento que mudou completamente a vida de Dave e que o levou a ter uma carreira que parecia impossível na sua época de coturnos e cabeça raspada ocorreu aos 15 anos, quando ele ouviu pela primeira vez a música 'Voodoo Chile (part 2)' do Jimi Hendrix no rádio. Então "tudo mudou, deste jeito. Entrar no mundo do rock não foi uma processo gradual para mim, foi uma coisa extremada. Tudo preto no branco. Eu ouvi 'Voodoo Chile' no rádio pela primeira vez e pensei: 'PQP! O que é isso? Como é que você faz isso?' Então eu dei uma de detetive, indo atrás e tentando descobrir quem era e o que estava acontecendo. E foi assim que comecei realmente a ir a lojas de discos e começar a comprar álbuns. Eu peguei alguns discos do Jimi Hendrix para começar, depois alguns de blues e então comecei a pensar em tocar. Eu ficava imaginando como seria isso."

O amor de Dave pelo rock abrangeu tudo que se referia à chamada "cultura" do assunto: Dave deixou seu cabelo crescer muito (o que trouxe muitas chacotas de seus antigos colegas Skinheads), adotou roupas hippies e passou a ler a bíblia do rock da época, o jornal Melody Maker. Começou também a freqüentar shows e a sair com um novo bando de amigos ( "todos que estavam numas de tocar alguma coisa" ), sendo que o mais chegado deles era um cara chamado Adrian Smith. "Nós vivíamos a alguns quarteirões um do outro." Relembra Murray "e estávamos ambos interessados em tocar guitarra, então começamos a sair juntos e tocar."

Jornal Melody Maker:


Adrian Smith: "Encontrar o Dave e conhecê-lo foi ótimo para mim, porque ele estava mais adiantado do que eu em termos de guitarra. Eu ainda estava arranhando uma velha guitarra que Dave tinha me vendido por umas cinco libras mais ou menos. Enquanto isso ele já tinha uma cópia de uma Gibson ou coisa parecida. Eu acho que estava um pouco com inveja dele, talvez. Mas nós costumávamos freqüentar as nossas casas e a tocar, e isso era grande, acho que nós aprendemos um bocado."

Na época que deixou a escola aos 15 anos, Dave já tinha descartado a idéia de encontrar "um trabalho sério". Ao invés disso queria uma carreira como guitarrista, sonhando com o sucesso. Adrian diz que já naquele tempo ele era "uma espécie de rock star do pedaço: ele tocava já há uns oito meses e tinha aperfeiçoado alguns acordes e todo mundo estava muito impressionado. Ele tinha aquele cabelo comprido, vestia roupas da moda e tinha uma guitarra elétrica verdadeira. E, você sabe, nós nunca tínhamos visto uma ao vivo e em cores, só na televisão."

Dave não concorda muito com essa visão: "A idéia básica para mim não era tanto ser uma estrela mas apenas ter um trabalho que me permitisse tocar guitarra. Eu não tinha muito problema em qual tipo de música eu iria tocar, pelo menos no início. Eu apenas amava música e tinha começado a me introduzir nesse estilo de vida. Mas foi a guitarra que realmente me levou a isso. Estava dentro de mim desde que eu tinha 6 ou 7 anos de idade e fiz minha primeira guitarra de papelão (fingindo que tocava ao som dos discos dos Beatles de suas irmãs. 'Eu era o John Lennon'). Acho que esse tesão estava ali o tempo todo, mas ficou nisso até que eu voltasse a me interessar 8 ou 9 anos depois. Mas desta vez eu levei a coisa toda muito a sério. De repente eu precisava saber tudo sobre música. Primeiro com discos e depois tocando guitarra."

Seu primeiro grupo foi um trio chamado Stone Free (nome tirado de uma música de Jimi Hendrix, claro) , que ele e Adrian formaram com um outro colega de escola. "Nós tínhamos uns 16 anos e éramos eu e Adrian nas guitarras e um colega nosso chamado Dave McCloughlin nos bongôs. Nós só fizemos uma única apresentação que foi no hall da igreja local num Sábado a tarde. Havia umas 6 pessoas ali para nos ver e eu acho que tocamos umas 4 ou 5 músicas - covers de T-Rex e Hendrix. Depois que acabamos uma senhora que cuidava do local nos deu uma barra de chocolate e uma lata de Coca-Cola para cada um como pagamento.

Dave e Adrian continuaram tocando juntos em vários conjuntos mais ou menos improvisados até o final da adolescência, escrevendo algumas canções de vez em quando e conversando muito sobre o que fariam se conseguissem sucesso. Mas havia uma diferença: Adrian era mais voltado à composição e queria ter sua própria banda, sempre. Dave, ao contrário, vivia fazendo testes para outras bandas, ansioso para alcançar seu objetivo de viver de música.

"Eu queria saber como era chegar lá e tocar num lugar cheio de pessoas desconhecidas. Eu acho que seria um bom treino para quando fosse encarar um palco mais tarde. Meu pensamento na época era que eu queria tocar com muitas pessoas diferentes, dos mais variados estilos, assim eu podia conseguir mais experiência. Então eu costumava comprar o Melody Maker toda semana e olhar a parte de classificados - isto se tornou uma coisa regular. Eu estava sempre indo para testes nos sábados ou domingos de manhã."

Como resultado destes, Dave recebeu convite para entrar numa banda chamada Electric Gas ( "num estilo meio soft rock americano" ). "Foi em 1973, não era bem o tipo de música que eu tocava, mas era uma coisa diferente, então eu gostei. Eu tocava com qualquer um naquela época, só pela experiência. Eu fiquei com eles um pouco menos do que um ano no final das contas, mas nós nunca passamos da fase de ensaios e tocar muito de vez em quando num pub ou clube de jovens. Ninguém aparecia mesmo."


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Padro Soriano

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