[ IRON MAIDEN ] - Woodstock Rock Store: as histórias da icônica loja paulista

 Walcir Chalas de Almeida, mais conhecido como "o Walcir da Woodstock", é uma figura símbolo do rock nacional - mesmo sem nunca ter tido uma banda.



Através da sua loja, a Woodstock Rock Store, por meio de discos, tapes, cd´s, camisas, revistas, etc. ele ajudou ainda que indiretamente, a alimentar o apetite sonoro e o sonho de dezenas de jovens a terem as suas próprias bandas, assim como seus ídolos. Mesmo quem não chegou a formar a sua própria banda, é grato ao Walcir por ter colocado o rock/metal nas suas vidas - muitas vezes por indicações de discos no balcão da loja.

Para conhecermos um pouco mais desses 42 anos de Woodstock Rock Store, eu, Mário Pescada (MP), colaborador do 80 Minutos, bati um papo com o Walcir Chalas (WC). Confira!

(MP) Walcir, em maio agora, a Woodstock completou 42 anos, uma história longa e cheia de fatos curioso. Você passou por um período em 1976 que estava desmotivado, chegou a vender todos os seus discos e decidiu se dar um tempo. O click de abrir a loja de discos, veio desse período sabático (sem trocadilhos com o Black Sabbath...)?

(WC) Pois é, 1976 foi o ano que o poderoso triunvirato inglês formado por BLACK SABBATH, DEEP PURPLE e LED ZEPPELIN dava sinais de cansaço, lógico que outras bandas como RAINBOW, JUDAS PRIEST e UFO estavam fazendo ótimos álbuns, mas os pilares do Rock pesado naquele ano estavam apáticos! Quando ouvi o vinil do SEX PISTOLS "Never Mind The Bollocks" (1977), percebi que Rock tinha voltado para a rua e garagens e não hotéis 5 estrelas e limusines, mas de ônibus e metrô, pois é difícil ser revoltado e expressar certos sentimentos vivendo sem motivação, o que deixou de existir naquele ano de 1976. Eu já era conhecido na cena paulistana por ter discos raros desde o início dos anos 70. Então, foi apenas abrir a Woodstock para centralizar tudo isso!

(MP) Quais discos você se lembra que tinha certeza que iria bombar quando chegasse aqui, mas que acabaram não vingando?

(WC) Bem, eu praticamente trouxe toda a cena europeia que estava acontecendo no momento que ainda não existiam METALLICA, SLAYER, ANTHRAX etc. ou seja, IRON MAIDEN, VENOM, SAXON, MERCYFUL FATE ACCEPT, SAMSON, ANGEL WITCH, CELTIC FROST e na sequência toda a cena da Alemanha que estava começando também, como KREATOR, DESTRUCTION, SODOM, HELLOWEEN para citar alguns. A safra era boa, praticamente todos vingaram e muitos estão na ativa até hoje após 40 anos!

(MP) Nessas viagens, claro, você aproveitava a estadia e conferia as bandas in loco. Você chegou a ver ao vivo, na época do lançamento, o AC/DC com "For Those ABout To Rock" (1981), o IRON MAIDEN com "The Number Of The Beast" (1982), o SCORPIONS com "Blackout" (1982) e até mesmo o METALLICA com ninguém menos do que Cliff Burton no baixo, dias antes do acidente fatal. Qual desses grupos te marcou mais ao vivo?

(WC) Todos estes shows eram inéditos para mim, mas o que mais marcou foi o MOTORHEAD no Hammersmith Odeon, pois, quando saiu o vinil "No Sleep Till Hammersmith" (1981), eu imaginei, "Será que um dia vou assistir essa banda nesse lugar"? Então, quando estava assistindo, em 1986, o sonho se tornou realidade! Mas, lógico que todos são inesquecíveis.

(MP) Falando em IRON MAIDEN, a Woodstock vendeu sozinha, 5.000 cópias do LP "Powerslave" (1984) e você recebeu posteriormente uma espécie de certificado da gravadora como reconhecimento autografado pelos membros. Conta um pouco mais dessa história e quais outras relíquias você guardou das bandas nesse tempo todo?

(WC) Quando eu comprei as primeiras 1.000 cópias das 5.000 vendidas, saiu uma reportagem de página inteira no Jornal da Tarde de São Paulo, sobre Heavy Metal, e que a Woodstock estava recebendo com exclusividade, com antecipação nacional, os primeiros 1.000 álbuns. Só fiquei sabendo desta reportagem quando um headbanger entrou na loja já tarde do dia e me mostrou o jornal para minha total surpresa! De setembro 1984 a janeiro 1985, vendemos os 5.000 discos que foi mencionado ao IRON MAIDEN no Rock In Rio! Quando saiu o "Somewhere In Time" (1986) a banda agradeceu com aquela foto autografada as 10 pessoas mais importantes na história da banda até aquele momento e eu fui um dos escolhidos, que foi entregue pela EMI, gravadora deles no Brasil!


Confira toda a entrevista AQUI: https://whiplash.net/materias/news_738/325665.html

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