Ao Imortal Bruce

"Me pediram para falar sobre um rapaz de Worksop, Londres, nascido há exatos 62 anos. É só mais um homem que brilhou na juventude e hoje ostenta uma idade madura, cheio de experiência. A questão é que eu não podia vê-lo dessa maneira, uma vez que sua voz, é como o canto da sereia. Eu me lembro como se fosse ontem (não foi ontem, foi há pelo menos 35 anos atrás) que seu uivo de Sirene Aérea na Segunda Guerra Mundial soava pela janela do quarto do meu irmão enquanto ouvia Powerslave. Lembro que meu irmão chegou ao quintal, e com o cucuruto do Gene Simons, no alto da cablo dos cabelos longos cacheados, deu um grito tão fino que eu quase fiquei traumatizada. Segundo ele, “queria reproduzir à altura da voz do Bruce Dickinson”. Por aí tivemos 3 em casa a gostar de Iron Maiden, cada um numa fase. Por mais estranho e incestuoso que isso possa ser, aos 40 anos o meu irmão era a cara do Bruce. Só isso.

Mas foi exatamente com esse disco Powerslave que naveguei errante pela carreira do Iron Maiden, e só depois fui retroceder para conhecer a fase Di'Anno e com o irmão mais novo a fase Blaze.  Não simplesmente como mulher e tiete, percebi que a voz de Bruce era algo a mais, mas com o passar do tempo verifiquei que ele era mais que um cantor, mais que um cantor da maior banda de Heavy Metal do mundo.

O jovem senhor, que é atleta, esgrimista, maratonista e até mesmo faz escalada (vide hoje que saiu um vídeo dele escalando as paredes de algum lugar na Europa), faz do palco parte do seu mundo fitness, com saltos acrobáticos, energias invejáveis, teatralidade.

As artes cênicas estão dentro dele. Na época do Chemical Wedding, em sua carreira solo, executou filmes cult de baixíssima qualidade, programas para a MTV e até apresentou programas de rádio. Como se não bastasse, o rapazinho de 1,65m era gigante. E como se não bastasse ser homem de palco, e voar em cenários, ele queria realmente abrir asas mais largas, alcançar objetivos bem mais altos. Ele realmente queria voar!

Apos sair da banda, num período em que sua vida pessoal fervilhava com o nascimento dos três filhos, o jovem Paul Bruce Dickinson foi para os Estados Unidos e para a Austrália aprender a voar, e não só levou seu sonho para o céus, mas levou o Ed Force One (com a banda inteira!) para os 4 cantos dos mundo.

Bruce amadureceu com seu curioso e até estranho mundo solo musical. Há quem adore, há quem tenha estado perplexo com sua complexidade de gostos musicais. Seus discos até venderam muito bem e ele não admitiria parar.

Parece que nada fez sentido para ele enquanto a palavra envelhecer, parecia avançar sua idade. Dono de uma boa fortuna (nos ajudamos com a compra dos discos) e de um instinto de vencer desafios, ele migrou entre piloto e empresário na manutenção de aviões. Dali tantos projetos nasceram.

Onde não podíamos mais entender como ele consegue tempo para tudo isso, meteu-se em palestras sobre motivação e criatividade em marketing nos tempos modernos, nos deixando atônitos com um celular analógico da NOKIA que hoje é peça de museu, num palco do Campus Party enquanto centenas de Nerds tecnológicos ou Geeks babavam com sua imagem, vestidos como uma multidão de camisas pretas com a cara do Eddie.

Nos apaixonamos pela sua diversidade, juventude e até sua capacidade de voltar a se reinventar na vida pessoal, com uma nova parceira e uma carreira interminável regada à Cerveja Trooper, que foi na Robinsons Brewery buscar combinações fantásticas. Ah! Ele escreveu livros também, e o melhor, claro, é a historia da vida dele.

Chega. Eu não vou falar mais sobre ele. Quantas justificativas precisamos mais?

Desejar que seja longevo, que chegue a uma centena de anos, que tenha saúde. Mas ele não precisa de nada disso, ele já nos é Imortal!

Feliz Aniversário, Bruce."

 - Verônica Mourão



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Murilo Araujo

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