[ RIO DE JANEIRO 2016 ] - desfila clássicos e evita embate político em show no Rio

Obras inacabadas, chuva insistente, um engarrafamento messiânico e shows simultâneos de Wesley Safadão e Simply Red. Nenhum desses obstáculos foi páreo para a multidão que lotou a HSBC Arena, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (17), para ver o início da nova passagem do Iron Maiden pelo Brasil. Desta vez a banda, que não passava pela capital fluminense desde 2013, divulga o 16º álbum de estúdio da banda, "The Book of Souls", lançado em setembro do ano passado.

Aclamado como um clássico recente, o disco reúne o melhor do Iron Maiden, aproximando-se perigosamente dos limites do autoplágio. Há ecos da era mais popular do grupo, na primeira metade dos anos 80, e de grandes momentos da fase atual do sexteto, iniciada na reunião com o vocalista Bruce Dickinson no ano 2000. Não que isso seja um problema; para a fiel e apaixonada plateia do Maiden, fundador de um estilo único de metal épico, agressivo e voluptuosamente teatral, o motivo de tanta adoração é justamente esse: a certeza de que o conjunto, formado pelo baixista Steve Harris há 40 anos, jamais a decepcionará.

A apresentação começa como o novo álbum. Após uma divertida animação protagonizada pelo Ed Force One, avião pilotado por Dickinson que leva a banda pelo mundo, o grupo dá a largada com a grandiosa "If Eternity Should Fail" e o primeiro single do disco, a instigante "Speed Of Light". Com fôlego respeitável, ainda mais se considerarmos sua vitória recente contra um câncer de língua, Dickinson corre de um lado para outro nas plataformas laterais do palco ornado por simulações da arquitetura pré-colombiana, enquanto Harris comanda a pequena orquestra de cordas no andar térreo do palco, completada pelos guitarristas Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers. Todos, é claro, à frente do carismático Nicko McBrain, o pulso da banda, como de praxe escondido atrás de um kit de bateria gigantesco apesar das levadas eficientemente simples.

A força do repertório antigo do grupo dá as caras com uma versão inspirada de "Children of the Damned", extraída de The Number of the Beast. Ao fim da música, Dickinson olha encantando para a plateia que cobre todos os setores do ginásio com braços erguidos e camisetas pretas. "Depois de percorrer a América do Sul, finalmente chegamos ao evento principal: Brasil!", exalta. Uma bandeira do país cai ao pé esquerdo do vocalista, que a ergue diante da plateia extasiada. Com a diplomacia de um frontman experiente, Bruce aproveita a oportunidade para abordar a crise política de forma discreta e apartidária. "Eu tenho visto muito essa bandeira nas notícias", diz. "E espero que os caras maus se f*dam, quem quer que sejam".

Antes que o show ganhasse contornos políticos, o grupo seguiu com outra sequência do novo trabalho, mas foi em sucessos antigos, como "The Trooper" e "Powerslave" que o público de fato vibrou, justificando a escolha do Brasil como palco de álbuns ao vivo tanto do Iron Maiden (Rock In Rio, gravado no festival de mesmo nome em 2001) como da carreira solo de Dickinson (Scream For Me, Brazil, de 1999). Reverberados pelo eco da arena, cuja preparação acústica segue longe do ideal, a cantoria impressiona em hits atemporais como "Hallowed Be Thy Name" e - lógico - "Fear Of The Dark", com linhas de guitarras entoadas por gargantas pulsantes em todos os setores da casa.

Nesta turnê a participação de Eddie, mascote da banda, é discreta. No palco, ele surge apenas em uma breve aparição durante a cerimoniosa "The Book of Souls", que vai das costumeiras estripulias com Janick Gers a uma conclusão dramática onde Dickinson atira o coração de Eddie à plateia sedenta. Depois de um breve intervalo, o público volta a roubar o show ao seguir a tradição nacional de declamar a introdução de "The Number Of The Beast", a primeira do bis. Antes de "Blood Brothers", Dickinson encaminha o show para o fim com um discurso de união. "O mundo pode ser um lugar terrível, mas querem saber? Estamos em um show do Iron Maiden", relfete. "Há pessoas de várias nacionalidades, raças e orientações sexuais aqui, e não estamos nos matando. E é isso o que importa, pois somos todos irmãos de sangue". Os headbangers, emocionados e pressionados uns contra os outros, derreteram-se em suor e gritos de apoio.

Com experiência de veteranos e invejável energia de principiante, o Maiden subverte a noção temporal ao encerrar o show com a balzaquiana "Wasted Years", lançada em Somewhere In Time, de 1986. Com o refrão marcante que despreza a nostalgia ("não perca tempo procurando aqueles anos desperdiçados (…) perceba que você vive a sua era de ouro"), a banda confirma a boa forma e o desejo de seguir em frente, respeitando o passado erguido, mas sem depender dele para voltar ao Brasil em um futuro próximo. E com certeza voltarão.

Fonte: http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2016/03/18/iron-maiden-desfila-classicos-e-evita-embate-politico-em-show-no-rio.htm

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14 comments:

  1. Cada show que vou, eu vejo que a banda vai tocar mais uns 30 anos... Sou fã e nem preciso dizer o quão sensacional o show é!

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  2. O q me entristece é pensar que um dia eles terão que parar... Up The Irons!!

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  3. O q me entristece é pensar que um dia eles terão que parar... Up The Irons!!

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  4. Estive ontem na HSBC Arena e posso garantir. Os caras estão a todo vapor. As seis novas músicas caíram muito bem.
    Acompanhar o 'ohh ohhhhhh oh oh oh' de Red and Black é muito empolgante (pra quem criticou a sua escolha no setlist).
    Nos vemos em Sampa pra parte 02/02 na minha turnê!
    Up the Irons!!!!
    \m/

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  5. Realmente o som dentro da arena HSBC é lamentável. Partes da música vc não entendia pq era muita reverberação.

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  6. Foi foda demais! Fui em 4 shows da banda, esse foi o melhor! Estão tocando muito! Som estava perfeito! Estava na grade do RJ.

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  7. Brasilia ta chegando sua vez ohhhhh ohhhh ohhh

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Galera, alguém conseguiu comprar ingresso no local do show? É que estou com dificuldade de comprar para o show de Brasília. Obrigado.

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  10. Venda oficial eu não sei, não procurei isso. mas cambistas tinham para todo lado.

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