Análise: Blaze Bayley - Tenth Dimension.



Como parte complementar do IMB cast #50, nosso colaborador Elias Cavalheiro traz uma minuciosa análise, faixa por faixa, do  segundo álbum da carreira solo de Blaze Bayley , "Tenth Dimension". Confiram.

*Forgotten Future: Apenas uma introdução. Não tenho porque dar uma nota para ela serve mais para abrir a faixa seguinte

*Kill and Detroy: Uma faixa que da a impressão que serve como protesto quanto a tirania de governos. Um motivo para isso se dá pelo uso do termo “Mão Invisível” que aparece algumas vezes na letra da música. Para aqueles que não manjam muito de economia, Adam Smith citava o termo “mão invisível” que regeria a sociedade moderna no livro “A Riqueza das Nações”. Esta mão em questão seria as leis do mercado que seriam determinantes nas relações interpessoais e nos monopólios que se formavam das classes dominantes no início do período econômico chamado de Liberalismo.
Sobre a música: melodia legal, refrão bem trabalhado, tem uma harmonia e um ritmo bem trabalhados. 4 Eddies.

*End Dream: A letra é um tanto complexa e não será na primeira vez que você conseguirá entender o que Blaze Bayley quer dizer completamente. Aí vai o que eu consegui abstrair: a música fala sobre as frustrações do personagem quanto à realização de seus sonhos. A letra não especifica que tipos de sonhos são estes, mas expõe muito bem o desespero ao encará-los, até os chama de Demônios.
Sobre a música: melodia meio bunda, não me surpreendeu, achei indiferente. Mas não é uma música ruim. 3 Eddies.

*The Tenth Dimension: Outra letra que mete o pau no governo e principalmente na maneira arrogante do homem governar. Utilizando-se de certas artimanhas como a ira dos Deuses, o julgamento, etc. Tudo com o propósito de prevalecer com a manutenção desse sistema. A escuridão que é destacada principalmente no refrão é como o personagem se enxerga acerca desse modo de vida.
Sobre a música: solo bom, letra ótima, é empolgante de se ouvir. O refrão é feito de uma maneira que você consegue decorar e repetir com facilidade o “Here I Am” e o “Must I Be”. 5 Eddies

*Nothing will Stop Me: Letra meio genérica, mas foi bem trabalhada. Fala sobre um personagem (sempre quando eu disser personagem entendam como alguém cujo sexo não é mencionado, pelo menos por enquanto) que consegue ver as coisas além daquilo que elas realmente são, e por isso ele é taxado como louco, a ponto dele duvidar de sua própria sanidade quanto à maneira como ele enxerga o que está ao seu redor. O refrão deixa claro que ele busca o que ele considera como verdade e que não será impedido por nada que o ofusque.
Sobre a música: é legal, mas não é uma faixa que consegue ter um destaque no álbum. Mas que por gosto dou 4 Eddies.

*Leap of Faith: O ritmo da faixa já é mais frenético em relação as faixas anteriores, e a letra também ajuda muito no êxito dessa atmosfera. A música fala basicamente sobre se arriscar, dar um salto de fé (que é mencionado várias vezes no refrão). O solo dessa música é muito bonito, e mais uma vez citando, a música como um todo te faz levantar e te dá motivação. Essa motivação é para ele adentrar no mais profundo de seu eu interior.
Sobre a música: já descrevi tudo, e por ela conseguir fazer todas essas coisas vai merecer a nota máxima, 5 Eddies.

*The Truth Revealed: Outra vez uma música de preparação. Ouví-la ao vivo no show acústico é algo fora de explicação
Sobre a música: Por ser uma música de abertura, logo não darei nota para ela.

*Meant to Be: Música que faz uma análise profunda de toda a trajetória de vida do personagem, abordando as principais indagações e barreiras/cadeias que o personagem viveu por toda a sua vida em sua psique. Suas reflexões são expressas de maneira suave, e a medida que suas reflexões vão tomando proporções maiores, a ponto dele questionar as circunstâncias que o levaram a tomar tal rumo a música vai crescendo, que uma única pergunta o rodeia durante toda essa reflexão. Que é “deveria ser assim?” O coral, a mulher cantando, a preparação da bateria e o solo conseguem passar muito bem a ideia do clímax de suas emoções. E por fim ele se declara liberto e diz que viverá a vida por seus próprios méritos, que nunca mais cairá, ele não deve mais cair. “Não deveria ser assim”.  O personagem desta música é o próprio Blaze Bayley. A maior evidência disso é pelo próprio momento da carreira que ele passou, e até hoje nos shows ao vivo ele interioriza e interpreta aquilo de uma maneira muito pessoal.
Sobre a música: É a melhor faixa do álbum, a mais profunda, a mais bem trabalhada, Blaze Bayley interpretou muito bem a letra, até porque ninguém melhor do que ele para fazer isso. Pois o mesmo passou pelos mesmos problemas. Nota: 5 Eddies.

*Land of the Blind: Fala sobre a maneira que nós somos cegados, a ponto de não olharmos para dentro de nós mesmos e enxergarmos nosso próprios valores, e não a apenas seguir as ordens. O final é a parte mais intrigante da música, pois nós nunca estamos totalmente libertos, quando você pensa que está livre e que não é mais alienado é aí que você se aliena mais. O sistema sempre quer que você pense que já sabe demais, para que você fique sabendo de menos.
Sobre a música: ela é boa, ela mostra de um ponto de vista mais pessoal a situação em que os homens são condicionados a pensar para que a grande engrenagem do mundo não “entre em colapso” (abrindo aspas para esse colapso, pois a partir do momento que você vai se libertando das cegueiras do dia-a-dia, percebe que já estamos em colapso). 5 Eddies.

*Stealling Time: Agora que o personagem se libertou, ele quer procurar as respostas para o enigma da vida, ele não encontra respostas na ciência. Ele está disposto a sacrificar sua vida de enganações, virar as costas para tudo àquilo que ele entendia como correto para assim compensar o tempo roubado e alcançar a plenitude da “verdade”. Aqui que é o ponto crucial, o que é a verdade? A verdade pode ser considerada “plausível” quando um fato acontece num determinado ponto no tempo e no espaço que pressupõe um determinado ponto de vista crítico de seu observador. Então o que é verdade para você, pode não ser verdade para mim. Lembrando que isso tudo é baseado em um sistema aberto, pois num sistema fechado como a matemática, por exemplo, 2+2 sempre resultarão em 4 independente de onde você viva neste mundo. Por que eu to falando tudo isso? Porque o propósito não só dessa música, mas desse álbum como um todo é abrir a mente do ouvinte para que ele aprenda a enxergar cada situação com um olhar diferente. E a partir da segunda metade do disco cada faixa lhe joga uma pergunta que não é qualquer meia dúzia de palavras que vai explicar o que Blaze Bayley quer mostrar.
Sobre a música: ótima, em todos os aspectos. 5 Eddies

*Speed of Light: Ela fala a mesma coisa, abordando sobre a velocidade que o tempo passa sobre nossas vidas e como não nos damos conta do que deixamos para trás. Mais uma vez Blaze diz para si mesmo de esquecer tudo aquilo que ele considerava como verdade absoluta e redescobrir a existência em si.
Sobre a música: Ela é objetiva, rápida em comparação as grandes explicações implícitas e explícitas nas faixas anteriores. A melodia e o ritmo ajudam a passar essa ideia, dando ênfase ao tempo, por isso que ela é mais rápida. Nota: 5 Eddies também.

*Stranger to the Light: Blaze está a ponto de encontrar as suas respostas que o perturbaram desde a primeira faixa. Com a ajuda de Deus (não o Deus acusador, mas o Deus essência da vida) ele conseguirá por fim achar o sentido e encontrar a luz. Na qual ele sempre se sentiu um estranho para com a mesma. Ainda há certo receio de a escuridão o levar para a cova, como é mostrado mais pro meio da faixa, mas no fim ele alcança a sua luz, sua felicidade interior. Felicidade que ele batiza como sua “Décima Dimensão”.
Sobre a música: A música fecha o álbum assim como fecha as angústias que ele tinha sobre os fatores externos (que eram expostas na primeira metade do álbum) e aos fatores internos (na segunda metade do álbum). 5 Eddies.

Sobre Alexandre Temoteo

Alexandre Temoteo