Blaze Bayley é um artista diferenciado. O ex-vocalista do Iron Maiden, que empunhou o microfone da Donzela de Ferro durante o período em que Bruce não quis estar lá, entre 1995 e 1998, após ser demitido iniciou sua carreira solo com o fantástico e surpreendente Silicon Messiah no ano 2000 e não parou mais. Montou sua primeira configuração de banda sob o nome ‘Blaze,’ pela qual lançou, além do ‘Silicon Messiah, os discos ‘Tenth Dimension’ (2002) e ‘Blood and Belief” (2004). Reformulou seu time de músicos, passando a lançar discos e apresentar-se como ‘Blaze Bayley’, sendo que desta segunda fase os registros de estúdio são os álbuns ‘The Man Who Would Not Die’ (2008) e ‘Promise and Terror’ (2010). Desmanchada a banda ’Blaze Bayley’, em 2012, foi lançado, além do CD ‘The King of Metal’, o disco que Blaze gravou com seu primeiro grupo, ‘Wolfsbane Save the World’. Em 2013, a parceria com Thomas Zwijsen (do projeto Nylon Maiden), que já havia participado no CD ‘The King of Metal’ resultou no EP ‘Russian Holiday.
No final de 2013 foi lançada a coletânea em CD duplo ‘Soundtracks of my Life’, que celebra os 30 anos de carreira de Blaze Bayley. O lançamento foi sucedido por uma turnê de divulgação que contou com muitas datas no Brasil inclusive.
É importante registrar que Blaze Bayley desenvolveu uma atitude única de respeito e humildade junto aos seus fãs. Após seus shows, faz sempre questão de se colocar à disposição para dar autógrafos e tirar fotos com todos que assim o desejar. Não se cansa de agradecer ao público por haver comprado seus CDs, os ingressos para seus shows e por ajuda-lo a assim continuar a sua carreira como cantor profissional e levar sua música aos seus fãs ao redor do mundo.
Ele é um artista independente. Sua esposa é sua empresária e administra a loja oficial por onde vende CDs, camisetas e outros itens de merchandise. E, mais recentemente, Blaze tem lançado edições especiais de seus discos permitindo que os fãs se habilitem a ter o nome registrado nos livretos dos CDs e DVDs, além de receber seus produtos já autografados pelo ‘Messiah’.
Eis que este que vos fala tem em mãos o novo DVD de Blaze Bayley, ‘Live in Prague 2014’ em edição limitada em uma lata que traz um livreto de 28 páginas, uma credencial personalizada com meu nome, um patch e um certificado de autenticidade subscrito por Blaze, além de uma foto autografada.
A apresentação registrada nesse DVD, com mais de duas horas de duração, ocorreu no dia 09 de abril de 2014 em Praga, na República Tcheca, sendo a banda que acompanhou Blaze integrada pelos músicos Martin McNee (bateria), Chris Appleton (guitarra) e Daniel Bate (baixo).
Eu particularmente prefiro a banda com dois guitarristas, pois a maioria das músicas do repertório do Blaze demandam duas guitarras, mas ainda assim os músicos foram competentes para executar o set.
O show começa com uma intro instrumental executada pela própria banda até que Blaze entra no palco e inicia seu show mandando três petardos de cara. ‘Speed of Light’, ‘The Launch’ e ‘Futureal’ empolgam os presentes. As clássicas ‘Silicon Messiah’ e ‘Ghost in the Machine’, do debut ‘Silicon Messiah’ são interpretadas com perfeição por Blaze e sua banda antes da pesadíssima ‘Kill & Destroy’ e de ‘Lord of the Flies’, esta da era Maiden, usada recentemente para iniciar seus shows no Brasil. Pausa para agradecer ao público e de nomear seus fãs como os ‘Kings of Metal’, ato seguido da performance da música de mesmo nome. O show segue com ‘Samurai’, a épica ‘Stare at the Sun’ e uma das maiores músicas do Maiden gravadas com sua voz, ‘The Clansman’. A empolgação do público para gritar “Freedom !!!” mostra o poder dessa faixa épica composta pelo mestre Steve Harris.
Um parêntese: as músicas do Iron Maiden incluídas no set são executadas por Blaze com exata fidedignidade aos discos, mostrando mais uma vez a competência de Blaze para cantar as composições feitas para a sua voz.
Mas o que mais evidencia o profissionalismo de Blaze e sua capacidade de dar a volta por cima após sua saída do Iron Maiden é que, diferentemente de outros ex-integrantes que não conseguem adquirir vida própria, a parcela de músicas do Maiden que integram seu setlist corresponde a uma pequena parcela do repertório executado, apenas cinco das vinte e duas músicas tocadas no show são do Iron Maiden.
Isso certifica, além de tudo, a qualidade das músicas que Blaze compôs e gravou a partir de 2000.
O show e o formato da apresentação não são novidades aos fãs brasileiros que acompanham as apresentações de Blaze Bayley em suas frequentes vindas ao Brasil. O show é bastante intimista, ele comanda a platéia com total domínio sobre seus kings of metal. Gesticula o tempo todo, interpreta, se emociona. Sem novidades.
É visível que naquele momento tudo que está na mente de Blaze é seu show, suas músicas, seu público e seu compromisso em dar tudo de si para entregar uma grande apresentação. E ele é muito competente nisso.
O show então prossegue com a paulada ‘Robot’, a nova ‘Eating Children’, disponível apenas na coletânea ‘Soundtracks of my Life’, e a faixa de abertura do álbum ‘Promise and Terror’, ‘Watching the Night Sky’, seguida da faixa ‘The Brave’, e aí uma das maiores surpresas da noite, a execução do lado-b “Mothefuckers R-US’, que mostrou funcionar muito bem ao vivo.
O que se segue é uma emocionante execução da biografia ‘Soundtracks of my Life’, do álbum ‘Blood and Belief’, com sua introdução melódica e sua crescente até a parte mais pesada, com Blaze proclamando “This is my life!” em seu final, e depois aquela que o Iron Maiden nunca tocou ao vivo, ‘Virus’, que é bem recepcionada pelos presentes, com direito a “Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô...” no início da parte mais rápida da música.
A fase Wolfsbane é então representada pela ótima ‘Tough as Steel’, que Blaze anuncia como baseada em uma história real, e mais um ponto alto de todos os shows do Blaze, a indispensável execução da primeira música de trabalho dele no Iron Maiden, Man on the Edge, que empolga a todos. É o momento em que Blaze tradicionalmente pega seu notebook, liga a câmera, manda um ‘Scream for me Prague!!!” e em seguida “Man on the Edge!!!” e quebra tudo!
Terminada a música, a banda agradece ao público, Blaze brinca com os presentes e anuncia uma música que particularmente diz gostar muito de tocar, e diz o quanto significa para ele o apoio dos fãs antes de iniciar ‘Blood and Belief’ e se despedir com ‘The Man Who Would Not Die’, não sem antes dizer que depois do show não iria aos camarins mas que ficaria na área onde estavam seus itens de merchandise para dar autógrafos, tirar fotos e principalmente agradecer individualmente a cada um dos fãs que estavam naquele show, como sempre ocorre por aqui também.
O DVD traz ainda entre seus extras trecho de um show ocorrido na Antuérpia em 2011, com cinco músicas (Tem Seconds, Virus, Voices From the Past, Soundtracks of my Life e The Black Country), além dos vídeos das músicas ‘Stealing Time’ e ‘One More Step’ e uma entrevista com Blaze.
Obviamente, este DVD não tem o poder de converter aqueles que nunca gostaram do Blaze Bayley no Iron Maiden ou fora da banda. Mas é certamente uma celebração valiosa da trajetória deste dedicado e honesto artista, que coleciona composições e interpretações de qualidade em sua carreira e já é detentor de uma não numerosa, mas leal legião de fãs.
As filmagens colhidas em Praga representam exatamente o show do Blaze na forma como estamos acostumados a presenciar todos os anos no Brasil. Quem se interessou em ler esta resenha até aqui sabe exatamente do que estou falando.
E se seu interesse chegou até aqui, compre sem medo!