Galera,
trago para vocês um dos itens mais legais que um fã de Iron Maiden pode ter: Eddie’s Archive.
Lançado em 16/novembro/1999 e trazendo gravações de 20 anos da banda, esse “casket” – e aqui a tradução mais próxima fica para “guarda-jóia” – é um lindíssimo material em metal, riquíssimo em detalhes, com acabamento realmente de primeira linha, especialmente preparado para os mais fanáticos pela banda. Para “normalizar” as possíveis traduções, passarei a chamar o item com o termo mais genérico possível: “caixa”.
A caixa traz 3 CDs duplos, com duração total de 6h18m ; a “árvore genealógica” da banda até então (presa por um anel de metal do Eddie) e um shot glass.
Na biografia “Iron Maiden: Run To The Hills”, de Mick Wall, Harris comenta: “Eddie’s Archive was released for the real collector. We always try hard to keep the quality there for people. We would make a hell of a lot more money if we didn’t package a release looking like that, but we do it because we’re proud of the Iron Maiden legacy and want to treat the fans with respect.”.
Como o Eddie’s Archive foi lançado em edição limitada, muitos fãs não puderam ter acesso ao material (mesmo com o alto preço praticado na época). Alguns anos depois, muitos fãs queriam um relançamento da caixa, o que também deixou os primeiros compradores chateados com a possibilidade do item perder sua característica de “colecionador”.
O relançamento foi feito e a direção da banda, em janeiro/2007, através de Rod, se pronunciou oficialmente sobre o assunto, afirmando que a “2nd Edition” viria assim marcada, claramente, na embalagem e no fundo da caixa, por exemplo, além da cor “azul” ser alterada para “vermelho” por dentro (vide foto aqui). A segunda edição também não teria mais a limitada numeração, prestigiando, assim, os primeiros fãs.
Abaixo trago algumas curiosidades de cada CD duplo (além das já comentadas nas fotos mais ao final do post e das que podem ser observadas nas próprias fotos).
BBC ARCHIVES – CD 1
A banda gravou em 14/novembro/1979 para a BBC Radio, para o então também novo programa Friday Rock Show (criado 13 meses antes e que ficou no ar até 1988, e que estreou com Def Leppard e depois com o Samson, banda que contava então com o vocalista “Bruce Bruce”), as 4 músicas que apareceriam no primeiro e homônimo álbum da banda, lançado em abril do ano seguinte.
A banda, ali, era composta por Steve Harris, Paul Di’Anno, Dave Murray, Tony Parsons (guitarra) e Doug Sampson (bateria).
No Reading de 1982, ou seja, na tour do The Number Of The Beast, a banda já contava com Bruce e Adrian (no lugar de Dennis Stratton) na banda, além do excelente Clive Burr na bateria.
BBC ARCHIVES – CD 2
Com o NWoBHM estourando para as massas, o Reading 1980 trazia as sensações da época Def Leppard e Iron Maiden, sendo o Maiden responsável por abrir o show do UFO (desnecessário comentar aqui a apreciação de Harris pela banda headliner da noite – Bruce também é fã da banda). Naquela noite, o Samson, com Bruce, também tocou.
Por fim, a performance da banda no Monsters Of Rock 1988, em Donington, com a chamada formação clássica da banda. Para quem quiser se aprofundar, este post aquitraz esta noite em detalhes.
A ilustração da capa é obra do formidável Derek Riggs (e que, sejamos honestos, a banda deveria resolver logo as diferenças e voltar a trabalhar URGENTEMENTE com ele – os Eddies de hoje são piada perto dos desenhos de Derek).
BEST OF THE B’SIDES – CD 1
Como o próprio nome sugere, a banda traz ali um apanhado de b-sides e covers, onde é possível observar claramente as influências dos músicos. Neste primeiro CD, conferem-se as gravações da década de 80, contando com a ótima Reach Out, escrita por Dave Colwell e muito bem cantada por Adrian Smith, com o luxo de um Bruce Dickinson para os backing vocals. Cada música tem uma ou outra curiosidade muito interessante trazida por Rod e trarei algumas a seguir.
O disco é aberto com Burning Ambition, uma das primeiras músicas de autoria de Steve, ainda nos tempos de Gypsy’s Kiss, e saiu no single Running Free (1980) – que, por sinal, marca a primeira aparição oficial do Eddie.
Outra música dos primórdios de Steve é Invasion, do single Women In Uniform (1980). Esta versão é uma nova gravação do “The Soundhouse Tapes” e já aponta o interesse de Harris por história.
Já I’ve Got The Fire mostra a paixão da banda por Montrose.
A Black Bart Blues é uma “homenagem” à armadura de Bruce chamada Black Bart.
BEST OF THE B’SIDES – CD 2
Já o disco 2 é composto por faixas dos anos 90 e vai até os singles The Wicker Man e Out Of The Silent Planet, ambos de 2000 e já contando com o retorno da dupla Adrian-Bruce para a gravação do Brave New World.
É aberto com All In Your Mind, música da banda Stray que Steve gostava na época. Saiu originalmente no single Holy Smoke (1990).
I’m A Mover é a ótima faixa do Free, banda que Murray é fã e possui inclusive uma guitarra de Paul Kossoff. Saiu no single Bring Your Daughter To The Slaughter também de 1990.
Communication Breakdown é talvez o b-side mais famoso da banda e os nomes Page/Bonham/Jones/Plant dispensam apresentações. Também saiu no Bring Your Daughter To The Slaughter.
Montrose é novamente lembrando em Space Station No. 5. Fez parte originalmente do single Be Quick Or Be Dead (1992).
Roll Over Vic Vella é muito conhecida entre os fãs também e saiu no single From Here To Eternity (1992). É uma adaptação de Steve ao clássico do Chuck Berry. Rod conta que, quando conheceu a banda em 1979, Vic era o “tour manager”, o cara da segurança, o roadie, o engenheiro de som… ele trabalhou com o Maiden até o mais ou menos a metade dos ano 80, quando se aposentou – mas ainda mantém contato próximo com a banda, especialmente Steve, em alguns trabalhos na casa do baixista. A música é, portanto, um tributo a este que é um dos mais importantes amigos da história do Iron Maiden.
Justice Of The Peace e Judgement Day, ambas presentes no single Man On The Edge (1995). Já com Blaze Bayley na banda, foram feitas na época do X-Factor, mas não entraram no CD por uma razão técnica: não cabiam!
My Generation é outra música bem conhecida, a a versão do Maiden para o clássico do The Who. Já Doctor Doctor, hoje em dia, é praticamente uma música do Iron Maiden… largamente usada pela banda em aberturas de shows até hoje, o clássico do UFO é aguardado sempre com muita expectativa e é a música que indica que o show vai começar! Ambas saíram no single Virus (1996).
A “curiosa” ilustração da capa, digamos assim, é de Mark Wilkinson (L-Space Design). Os discos têm duração de 2h14m.
Claro que, por ser uma coletânea de b-sides, algumas faixas originais ficaram de fora deste duplo. Entre elas, Mission From ‘Arry’ (do single 2 Minutes To Midnight); Massacre (cover do Thin Lizzy do single Can I Play With Madness); Bayswater Ain’t A Bad Place To Be (do single Be Quick Or Be Dead) e I Live My Way (do single Man On The Edge), além de outros b-sides que a banda já tocou ao-vivo.
BEAST OVER HAMMERSMITH – CDs 1 e 2
O famoso show de 20/março/1982, com a banda contando com o recém-chegado Bruce Dickinson. Com duração de 1h35m e produzido por Doug Hall e Steve Harris, o show da The Beast On The Road Tour foi realizado no Hammersmith Odeon e gravado 2 dias antes do lançamento do próprio álbum de estúdio (apenas o single Run The The Hills já estava disponível).
O encarte do CD traz as datas da The Beast On The Road Tour e lista os instrumentos e equipamentos de cada músicos, com fotos e a assinatura de cada um deles (a banda ainda tinha Clive Burr).
Uma versão abreviada do show está disponível no disco 1 do DVD The Early Days. A banda pretendia lançar o show em VHS, mas não ficou satisfeita com a qualidade da filmagem devido aos problemas com iluminação na noite.
__________________________________________
Navegue abaixo pelo carrossel de fotos para ver em detalhes cada item que compõe a primeira edição da Eddie’s Archive. Cada foto traz uma breve descrição e mais algumas curiosidades relacionadas.
N.R.: adquiri meu Eddie’s Archive em 19/agosto/2005, no Brasil, mesmo. Foi quando tive oportunidade de comprar, bem parceladinho, este que é um dos itens mais legais da minha coleção da banda – assim como deve ser para a maioria das pessoas que possui a caixa.
Normalmente comentários como o do Harris, no início do post, tem apelo mais “comercial” mas, neste caso, eu concordo com o chefão: todo o material é muito bem acabado, de ótima qualidade e provavelmente nada barato de ser produzido – sem dúvidas a banda poderia ter lançado algo mais “simples e barato” para ter tido uma margem mais gordinha – e ainda bem que não o fez!
Além disso, a qualidade do áudio nos 6 discos é ótima. Os b-sides trazem muitas versões divertidas de músicas, algumas não esperadas normalmente quando se pensa em Iron Maiden e outras, para ser honesto, que somente em dias de inspiração podem ser apreciadas. Mas claro que todas, cada uma com sua característica, valem a pena ser conhecidas e conferidas. O BBC Archives é excelente do início ao fim, trazendo grandes momentos da carreira da novata banda de 1979 até o que podemos chamar de ápice ao-vivo, em 1988. Ahhhh, que época…
Este item, ainda mais a primeira edição, é algo muito legal de se ter – serve inclusive como um “enfeite” .
[ ] ‘ s,
Eduardo.