Por Fabian Oliveira do Blog Fone de Ouvido
Seguir a profissão dos pais não é fácil pra ninguém. Especialmente se o pai ou mãe é muito competente e bem sucedido. Se em carreiras “normais”, como médico, engenheiro ou advogado, já é difícil, imagine em atividades onde o sucesso é acompanhado pela fama, como nos esportes ou na música. No primeiro caso, o maior exemplo é o ex-goleiro do Santos, Edinho, filho de um tal de Édson Arantes do Nascimento. Outro caso que vem à mente é o do piloto Damon Hill, que mesmo tendo sido campeão do mundo de Fórmula 1, sempre foi considerado bem inferior ao seu pai, Graham Hill.
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Felizmente existem exceções. Jeff Buckley, por exemplo, tinha tudo para ir muito além da carreira do pai Tim Buckley, mas acabou morrendo muito cedo, antes mesmo de completar o sucessor de Grace (1994). Filha de Ravi Shankar, Norah Jones faz belíssima carreira como cantora e compositora, talvez até por não ter tido contato com o pai. Os bateristas Jason Bonham e Zak Starkey, filhos de Bonzo e Ringo, respectivamente, também levam suas carreiras numa boa. Jason mostrou seu talento em excelentes trabalhos com as bandas Bonham, UFO e Black Country Communion. Além disso, pôde homenagear o pai através de suas excelentes performances nos shows de reunião do Led Zeppelin em 1988 e 2007. Já Zak Starkey demonstrou ser um grande baterista comandando as baquetas do Oasis e principalmente no The Who, no posto que era do seu padrinho Keith Moon. Pegue qualquer vídeo do Who com Zak e comprove que ninguém toca tão parecido com Moonie do que o seu afilhado, simplesmente fantástico. Falando em Zak, uma curiosidade: o primeiro disco de sua carreira foi Silver And Gold, do ASAP, o projeto solo que o guitarrista do Iron Maiden, Adrian Smith, gravou em 1989.
Falando da “família Maiden”, quem está seguindo os passos do pai é Austin Dickinson, filho do piloto de avião e frontman extraordinaire Bruce Dickinson. Austin passou a infância acompanhando o papai na época em que estava fora do Iron Maiden, um período de muita criatividade para Bruce, vide seus excelentes discos como solista. Inclusive o primeiro crédito musical da carreira de Austin é na música “Laughing At The Hiding Bush”, do disco Balls To Picasso de 1994. Segundo Bruce, o pequeno Austin estava escondido atrás de uma almofada dando altas risadas e, ao ser perguntado o que estava fazendo, prontamente respondeu que estava “laughing at the hiding bush”, inspirando o Air Raid Siren a escrever uma das melhores músicas de sua carreira solo.17 anos depois, Austin chega ao primeiro álbum de sua banda, o Rise To Remain. De cara, dá pra perceber que ele herdou algumas características paternas: o agudo poderoso, a auto-confiança e um jeito bem dramático de interpretar as canções. Mas as semelhanças param por aí.
O som do Rise To Remain é bem moderno, aquele metalcore que a molecada tanto curte. A banda não é muito original, seguindo os passos de suas maiores influências: Trivium, Killswitch Engage, In Flames, Coheed And Cambria, Machine Head, Unearth, essa praia. O disco, porém, é muito bom, especialmente para uma estréia. A evolução da banda do EP Bridges Are Burning de 2009 até agora é evidente, talvez pelas incessantes turnês dos caras pela Europa inteira. Prova disso é o excelente trabalho de guitarras, muito bem timbradas pelo produtor Colin Richarson. As bases têm arranjos complexos e os solos alternam aquelas fritadas típicas do metal com momentos melódicos de muito bom gosto e alguns duetos dobrados que lembram, aí sim, o Maiden. O outro destaque são os vocais de Austin, alternando o gutural com o melódico com extrema naturalidade. As canções tem aquele padrão barulheira nas estrofes e melodia nos refrões, que, em geral, são belíssimos e catárticos.
Apesar da desconfiança natural de muitos por aí, City Of Vultures prova que o Rise To Remain tem um belo futuro pela frente. Papai Bruce deve estar orgulhoso.
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