“sim, voltaremos em julho de 2011”.
Apesar da abertura da casa estar prevista para 21h, apenas uma hora após os fãs começaram a entrar no Manifesto Rock Bar. Após a entrada das pessoas que estavam na fila, a casa ainda não estava cheia. Em torno das 23h00, a casa começou a apresentar um público bem maior – não chegou a lotar o bar, mas próximo ao palco, não se via espaços.
A noite não teve bandas de abertura. Lá pelas 23h30, ouviu-se a poderosa introdução do show, para delírio da galera que estava na pista, nas mesas e no camarote. Começaria a primeira parte do show que alternaria, basicamente, músicas do novo “Promise and Terror” e do “The Man That Would Not Die”.
Blaze, claro, foi o último a descer as escadas que davam acesso ao palco do Manifesto. Ele retocou sua tatuagem em homenagem a Debbie, sua esposa que, infelizmente, faleceu: abaixo do microfone cruzado com a tesoura agora há o intervalo “1969-2008″.
Mesmo com todos os problemas pessoais dos últimos tempos, Blaze iniciava uma noite que ficará marcada para os seus fãs. Visivelmente empolgado e satisfeito, começou a cantar o primeiro petardo da noite, do recém-lançado “Promise And Terror”: “Madness And Sorrow”. Blaze agitou demais nesta primeira música e começou a fazer um “ritual” que se seguiu por toda a noite: o de esbanjar humildade, carisma e fazer questão de cumprimentar a todos que se apertavam tentando chegar mais perto dele. Outra amostra que foi possível obter neste primeiro som e que seguiu até o último segundo do show foi a ótima performance da voz do “messiah”. Parafraseando nosso querido Zagallo, os mais céticos diriam: “aí sim, fomos surpreendidos novamente”.
O show seguiu com uma das melhores músicas da banda, a “Voices From The Past”, do álbum “The Man Who Would Not Die”. Endiabrado e quase se jogando na galera, pedia a todos para levantar, pular e agitar com ele. O solinho inicial que se mistura com a parte cavalgante do riff do dueto de guitarras incendiou o bar. As primeiras solicitações de “hey, hey, hey” foram feitas e a todos os pulmões atendidas pelo público. A bateria, com bumbo simples, ganhou poder com o uso do pedal duplo de forma insana na música. Blaze cantou uma boa parte da música de olhos fechados, sentindo mesmo. Quando os abria, o que víamos eram olhos centrados, “esbugalhados” para a galera, enquanto agitava o lado esquerdo e direito do público para o “olê, olê” no refrão final da música.
“É uma honra estar aqui. Obrigado por comprar os ingressos. Vocês são a razão de estarmos de volta”, gritou Blaze na introdução de mais um torpedo do Promise And Terror: “City Of Bones” chegou cheia de “mais alto, mais alto” sendo pedido por Blaze (em Português mesmo). Blaze se concentrou para iniciar a cantar o som, e entrou com uma voz perfeita e muito poderosa, arrancando gritos por parte da galera. Novamente, muito pedal duplo deu a energia para a parte em que ele começou a cantar o refrão, apontando para um a um “you fight, you stand and fight, fight for your life, stand and fight, stand and fight, for your life”. Era uma mensagem que ele passava para nós, presentes: não importa as adversidades da vida, você deve se levantar e lutar pela sua vida, e seguir adiante. Grande momento do show. Outro “ô, ô, ô” emocionante vindo da galera na música.
Voltando ao disco “The Man Who Would Not Die”, a banda manda a “Blackmailer”. Batendo palmas e com ótima base de guitarra, a música, como esperado, é muito bem recebida pelo público. Mais uma vez, Blaze olhava para todos com olhos penetrantes, externando um sentimento – coisas que só o heavy metal proporciona. Muita energia quando ele cantava no refrão “blackmailer” e gritava “you!” para a galera repetir o nome da música com ele.
Outra vez uma do disco de 2010 foi tocada: “Faceless” mostrou Blaze cantando com uma ótima dose de sentimentalismo, realmente interpretando as palavras, como se estivesse falando sozinho, em primeira pessoa. Muita emoção. Novamente, o “messiah” se apoiava bem na beira do palco, se equilibrando para não cair “para dentro da galera” e acabar fazendo um involuntário “stage diving”. No meio da música, Blaze faz um sinal de “positivo” ao batera da noite, indicando sua satisfação com a performance do substituto de Larry.
De volta ao “The Man Who Would Not Die”, a música 3 daquele disco era iniciada. “Smile Back At Death”, com ótima performance da banda: base das guitarras com palhetadas de tirar o fôlego de qualquer headbanger, muito pedal duplo e com a galera em suas mãos, no mais perfeito “transe metal”, Blaze chega com uma voz muito poderosa, dando tudo que podia. Emocionado e cantando com muito afinco, nesta altura do show, já dava para afirmar que ele e banda realmente acharam um som de identidade própria, sem qualquer dependência ou referência explícita à outras bandas. Mais uma vez, uma apresentação da banda com uma segurança incrível do que eles estavam fazendo, com Blaze segurando por longos segundos sua voz e pedindo o “hey, hey, hey” para a galera – além de novamente solicitar, um a um, aos que não estavam agitando de volta com ele para começar a fazer.
Vibrou muito quando a música acabou, e os primeiros gritos de “olê, olê olê olêêê, Blazeee, Blazeee” foram dados pelos fãs.
“Estamos de volta devido à vocês... acreditem na gente. Não há selos de companias. Não há EMI. Não há Sony. Somos somente nós, vocês e eu”, disse Blaze.
Essa foi a introdução para a “Blood & Belief”, música carregada de sentimento do disco homônimo e que mostra ao ouvinte uma letra poderosa, porém que representou uma “guinada” com relação aos dois anteriores, Sillicon Messiah e Tenth Dimension. "Blood And Belief" (o álbum) possui letras que falam sobre sua depressão e entrega ao alcoolismo ("they took away my blood and belief"; "life and death"; "tearing myself to pieces"). E o que se viu Blaze cantando de forma emocionada, com destaque para a parte “they take from me... my blood and belief”. A primeira “roda” na pista foi aberta, com certo exagero (vi gente dando realmente “porrada” nos outros – mas isso não durou muito). “Now, come on”, gritava Blaze cantando o que deu início a uma parte do set com músicas mais depressivas. As pessoas se esmagavam para tentar chegar perto de Blaze, enquanto o batera da noite tocava com muita força (como deve ser), com raiva... a emenda da música foi com a “The Launch”, faixa do primeiro disco da banda, Sillicon Messiah, no mesmo esquema: a banda dando tudo, em um grande exemplo de superação.
Ao final da “The Launch”, os primeiros acordes de “Lord Of The Flies” levaram todos, inclusive o staff da própria casa, ao delírio máximo. A primeira música da noite oriunda da passagem de Blaze pelo Iron Maiden, do obscuro X Factor, foi bem executada, novamente com destaque para o vocal ao-vivo de Blaze, que mostrava grande potência e com a adição de um pedal duplo de batera acompanhando os gritos de “saint and sinners....” no refrão do som.
O público nem respirou e a banda literalmente emendou outra da fase Maiden de Blaze, a rápida Futureal, faixa de abertura do disco Virtual XI, mostrou um Blaze mais maduro do que em sua fase no Maiden, cantando de forma brilhante a música. Em algumas partes, alguns movimentos dele lembraram Dickinson nesta música, como o de pedir para a galera gritar quando ele levantava os braços, como o Mr. Air Raid Siren costuma fazer em, por exemplo, Hallowed Be Thy Name.
Ao final das músicas, os gritos “Blaze, Blaze” e não “Maiden” mostraram um belo respeito por parte da galera – afinal, a noite era da “Blaze Bayley Band”.
Agradecendo ao final da música, Blaze falou do último disco, e comentou: “vou atender a todos ao final do show. Se não puder se aqui, estarei na rua para autografar os materiais de vocês – eu não me importo quanto tempo isso vai demorar, eu vou direto para o aeroporto se necessário...”.
E aí dava-se início à segunda parte do “Promise And Terror”, que é muito mais depressivo. “Letting Go Of The World” foi interpretada por Blaze de forma brilhante, com ótima performance musical da “cozinha”: muito pedal duplo e um baixo muito forte. Com os punhos em riste, Blaze interpretava todas as palavras da letra da música, com uma alteração no tom de voz final para um surpreendente melódico (mas que não funcionou tão bem assim).
Já se passava 1 hora de show quando “Waiting For My Life To Begin” começou a ser tocada, com ótima emenda para a anterior. Blaze, com os olhos “esbugalhados”, fazia novamente o “hey, hey, hey” com todos da platéia. Vibrando e batendo em seu próprio braço, Blaze estava nitidamente muito concentrado no que fazia. A música contou com mais pedal duplo dando o tom e no final, Blaze agradeceu, “de coração”, como ele disse, a cada um dos presentes, e disse que tudo estava “magnífico, incrível” e que “São Paulo era o fuc@#$% business mesmo”.
Com o público já em suas mãos, começou seu discurso: “esta próxima é dedicada a vocês, pois vocês acreditam, tem confiança própria, escolhem o que querem ouvir, e não o que os outros falam para ouvir, como Shania Twain ou Britney Spears. São Paulo, vocês são The Brave”.
A 13ª música da noite mostrou a banda muito feliz em tocar a música e Blaze fez o papel, literalmente, de “maestro” para a galera acompanhar com eles o refrão... e ensaiou com todos para que o final da música fosse gritado e sincronizado. Funcionou muito bem!
“Vocês se lembram do Monsters Of Rock”?, perguntou Blaze (se referenciando ao dia 24/agosto/1996, no Pacaembu, em São Paulo), que contou com, entre outros, Mercyful Fate, King Diamond, Helloween, Motorhead, Skid Row e o headliner Iron Maiden.
“Leap Of Faith”, outra que pode ser considerada top na carreira da banda, foi a próxima. A banda soou muito bem na execução deste petardo e Blaze, mais uma vez e mesmo com o show já estando caminhando para o final, não mostrava sinais de potência em sua voz, cantando de forma poderosa o som.
Blaze contou uma história para a galera: “foi o maior show da minha vida. Era assustador. Sebastian Bach veio até mim e disse: ‘Blaze, eles me odeiam. Eu quero ir para casa”. Blaze lembrou o fato de que, naquela noite, Sebastian Bach e seu Skid Row (último show da história do Skid Row, inclusive) foram duramente xingados e criticados, para parar por aqui. Sebastian Bach, inclusive, fez questão de lembrar desta noite também no último show em que abriu para o Guns N’ Roses em São Paulo, no mês passado, só que desta vez dizendo que “o medo havia passado e que agora ‘ti amuuu, São Paulo’. Voltando à história do Blaze, ele continuou “eu provavelmente serei processado por isso, mas eu tinha que contar para vocês. Ele falava que queria ir para casa, mas seu manager dizia que ele estava sendo pago e que tinha de fazer o show, nem que fosse para ir antes do Motorhead”. O resto é história mesmo...
Ainda, continuou agradecendo “os lindos momentos que viveu no Iron Maiden naquele período”, e falou que agora viria uma de suas preferidas daquele tempo, mas agora na versão da banda atual.
“The Clansman”, com certeza uma das top 3 do Virtual XI, chegava. Cabe ressaltar aqui alguns pontos negativos percebidos na intro da música, principalmente: Blaze usou reverb em seu microfone, até então não usado antes no show, e não se adaptou muito bem no início da música. O baixo deu uma “embolada” também na abertura da música. Blaze, com o reverb ligado, tentava achar ali o tom ideal para cantar e estas variações foram ruins no começo da execução do clássico de sua época na Donzela de Ferro.
Após estas pequenas confusões iniciais da introdução da música, tudo correu muito bem, aliás, bem demais. The Clansman foi cantada em um volume ensurdecedor por todos presentes: não se via absolutamente ninguém deixando de gritar “freeeedom, freeedom”. O primeiro solo lembrou muito o póprio Iron Maiden, portanto, foi excelente, mas aqui uma ressalva ao batera, que perdeu a primeira virada de bateria, fazendo com que a bandan repetisse um trecho da música novamente. Se recuperou com um pedal duplo envolvente e caprichou na última virada da música. O baixo também se ajustou e, portanto, a cozinha foi colocada em ordem. Blaze pedia para todos gritarem “freedom”, o que deixou o final da música ainda mais especial. Grande momento da noite para os fãs do Blaze, do Maiden e do heavy metal em geral.
Pergutando “que cidade é esta? Curitiba? Rio de Janeiro (com vaias, claro), Brasília? SÃO PAULO? São Paulo, quero ouvir vocês”: “Man On The Edge”, outra do X Factor do Iron Maiden, aclamada por muitos como a melhor música do disco e da fase “Blaze” no Maiden em geral, foi iniciada e uma roda pegando praticamente toda a pista foi aberta. O reverb de Blaze foi desligado e talvez a galera nem tenha percebido, tamanho a alegria de todos, que a banda perdeu a entrada para o primeiro solo, fazendo com que houvesse nova repetição da base. De qualquer forma, Blaze cantou com muita vontade e afinco. Os solos da música foram muito bem tocados e Blaze, novamente, pedia para a galera gritar, levantando os braços com força.
“Olê olê, olê, olê, Blaze” e Blaze novamente agradece a galera “do fundo do coração”. Mas ainda tinha mais.
A próxima música foi introduzida pelas seguintes palavras de Blaze: “este disco é sobra vingança – as pessoas ferram com que acreditamos então, algumas vezes, nós temos que ferrá-las de volta”.
“The Man Who Would Not Die”, do disco homônimo, chegou com uma força impressionante, muito “metal” mesmo. A palhetada dos guitarristas davam a indicação que a pancadaria musical viria. O riff central da música foi executado com maestria e talvez esta tenha sido a música mais “pesada”, do ponto de vista instrumental, da noite.
“Robot” chegou, anunciando o provável final do show. O batera, usando o que os alguns bateristas gostam de brincar, o “pato, pato”, “espancava” sua bateria, alternando o uso da caixa com muito pedal duplo na parte final da música.
“Boa noite, muito obrigado”, disse um cansado Blaze. A galera, além de gritar por ele, começou a gritaria pedindo por “Kill And Destroy”.
Blaze perguntou: “É isso? Isso é tudo, São Paulo? Vocês estão cansados? É isso então. A última! Esqueçam que vocês tem de ir para casa! Vivam sua vida AGORA! Não existe mais nada, só existe o agora (repetido por 4 vezes). Vivam AGORA!”
A galera aproveitou para tentar chegar perto pela última vez. Com palhetadas fenomenais, o pedido foi atendido e “Kill And Destroy”, do Tenth Dimension, veio para fechar a noite. Blaze, mesmo após praticamente duas horas, ainda tinha garganta para segurar a parte que gritava ‘kill and destroy” por longos segundos... o “grudento” refrão final desta excelente composição fez com que todos pudessem voltar para a casa feliz, cantando “Kill And Destroy”...
E assim acabava este ótimo show. Blaze e banda fizeram questão de atender a todos ao final do show e os que puderam ficar puderam ser agraciados com autógrafos e fotos com o “messiah”. Tive a oportunidade, como muitos dos presentes, em falar rapidamente com o Blaze, tirar fotos e pedir autógrafos em alguns itens da minha coleção musical. Perguntei a ele se ele já tinha planos para algum retorno, e ele falou para mim, em tom de confirmação: “sim, voltaremos em julho de 2011”. Fica aí a dica para todos.
Apesar de Larry, baterista atual do line-up da banda, não estar presente, a banda se mostrou muito entrosada como um todo: a cozinha estava funcionando muito bem. Realmente foi ótimo vê-lo cantando tão bem ao-vivo: muitos ficariam surpresos com a ótima performance de Blaze. O show não teve quase nada de produção de palco, como iluminação (aliás, a iluminação foi única em todo o set). Mas o alto e bom som dos Marshalls do Manifesto ajudaram o que realmente importa, que é o compartilhamento do heavy metal.
Sobre músicas que faltaram: claro que vai do gosto de cada um, mas "Born As A Stranger", que tem partes cadenciadas que parecem ser feitas pra pular ao-vivo e as do novo disco Promise And Terror, “Watching The Night Sky” (que chegou a estar em sets anteriores, mas foi retirada) e “1633” podem muito facilmente ser usadas para que a banda varie os sets dos próximos shows mantendo-se a alta qualidade das futuras noites.
Por fim, gostaria de enviar alguns agradecimentos especiais para: o grande amigo Caio Beraldo, pelo companheirismo desde sempre e para toda a galera do blog do Minuto HM (www.minutohm.com). E, galera, o Caio é o “tal” do “careca” do show do ano passado mesmo, que tentou subir ao palco e foi “arremessado” pelo segurança. Muitos do que estavam no show do ano passado o reconheceram novamente este ano e, o que foi ainda mais surpreendente, toda a banda o reconheceu. Pena que Larry não estava lá para que o Caio pudesse explicar a situação para ele. (Agora, se você não está entendendo nada desse último parágrafo, veja o site www.minutohm.com) para ver toda a história.
Blaze, até o ano que vem.
Abraços,
Eduardo.
SETLIST:
Intro
Madness And Sorrow
Voices From The Past
City Of Bones
Blackmailer
Faceless
Smile Back At Death
Blood & Belief
The Launch
Lord Of The Flies (Iron Maiden)
Futureal (Iron Maiden)
Letting Go Of The World
Waiting For My Life To Begin
The Brave
Leap of Faith
The Clansman (Iron Maiden)
Man On The Edge (Iron Maiden)
The Man Who Would Not Die
Robot
Kill And Destroy
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